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Nos próximos dois anos o Brasil poderá ter um esportivo elétrico capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em menos de três segundos e atingir até 300 km/h. Seu projeto tem custo estimado de R$ 25 milhões. Desse total, R$ 6,3 milhões virão de um financiamento do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) concedido ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicação (CPqD). Essa fundação criará a bateria e os inversores a ser utilizados pela fabricante do carro, a Electric Dreams, empresa instalada no polo tecnológico de São José dos Campos (SP). A Electric Dreams desenvolverá o carro e seus motores elétricos. Serão quatro deles, um por roda.
A Electric Dreams contará com capital próprio, externo e subvenção da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O projeto foi aprovado pelo BNDES Fundo Tecnológico (BNDES Funtec).
“Será um carro para um mercado de luxo, para pessoas que gostam de alto desempenho e recursos tecnológicos”, afirma o diretor da Electric Dreams, Fábio Guillaumon, sem revelar o preço estimado para o carro. Ele reconhece que o projeto parece anti-intuitivo (já que o natural seria levar os avanços obtidos a mais consumidores), mas acredita ser viável com a venda de cerca de 20 unidades por ano.
Segundo o CPqD, o desenvolvimento das baterias para o futuro esportivo abre perspectivas de mercado: “Já temos discussões com outras empresas, há uma série de possibilidades em que o CPqD poderá atuar. Este carro será o projeto mais complexo, mas certamente poderemos expandir a tecnologia para outros veículos”, diz o diretor de laboratórios e infraestrutura de redes do CPqD, Paulo Curado.
O projeto em detalhes
Durante as explicações de como será o carro, a marca Tesla foi citada algumas vezes. A bateria foi uma das referências: “Terá algo entre 80 e 90 quilowatts/hora e autonomia de até 400 quilômetros, dependendo da condição de uso”, afirma o responsável técnico da área de sistemas de energia do CPqD, Raul Beck. As baterias do esportivo usarão certamente íons de lítio. Pesarão entre 350 e 400 quilos.
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“Em uma situação ideal como um eletroposto, a recarga ocorrerá em menos de uma hora. Esse tempo sobe para oito a dez horas em tomadas domésticas”, diz Beck. A Electric Dreams admite a possibilidade de trazer componentes do exterior, como os motores elétricos. Cada um tem 150 quilowatts, ou seja, 203,9 cv de potência em cada roda.
O modelo em escala 1:4 mostrado nas instalações do CPqD traz aquele que seria o desenho final do carro. Por causa dos nichos onde serão instalados os faróis, a dianteira tem um quê do Batmóvel de 1966, criado por Georges Barris para o antigo seriado de TV.
O modelo ainda não tem nome, mas seu projeto foi batizado Arion, que vem de uma figura mitológica, um cavalo alado assim como o Pégaso. A palavra, porém, também designa moluscos como a lesma e por isso deve ser evitada como nome final.
A construção desse biposto usará materiais leves: “Faremos o chassi de fibra de carbono e kevlar. A carroceria também terá partes de fibra de carbono. Mas os componentes dianteiros terão de ser metálicos por causa da necessidade de deformação”, recorda Guillaumon.
O diretor da Electric Dreams afirma que terá parceiros da indústria aeroespacial instalados em São José dos Campos para conceber o futuro esportivo. Entre as tecnologias prometidas para o Arion estão vários sensores ligados a um sistema de controle capaz de avaliar o que ocorre com o carro antes mesmo de um problema se tornar evidente (como uma derrapagem, por exemplo).
Os conceitos de aerodinâmica estarão também na parte de baixo da carroceria, favorecendo a estabilidade e a eficiência energética. Segundo a Electric Dreams, o futuro esportivo nacional terá sistema de armazenamento de energia híbrido, com baterias de íons de lítio e ultracapacitores, resultando em acelerações rápidas e autonomia mais próxima àquela de carros com motor a combustão.
A empresa promete ainda um sistema de recuperação de energia de frenagem mais eficiente que os atuais. Por fim, a Electric Dreams informa que seu esportivo de dois lugares terá design e fabricação customizáveis de acordo com a demanda do comprador.
Segundo Guillaumon, o interior do carro será o mais simples possível para reduzir a dependência de fornecedores de autopeças: “Projetamos uma carroceria sem capota para não termos nem mesmo de utilizar ar-condicionado.” De acordo com o diretor da Electric Dreams, o modelo estará pronto no primeiro semestre de 2016.
A pintura que imita as camuflagens utilizadas por montadoras foi feita com traçados de autódromos.
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