Atividade da indústria paulista deve encerrar o ano com queda de 4,4%

O desempenho da atividade industrial de São Paulo deve cair 4,4% até o final de 2014 e não há de onde tirar um sinal de recuperação do setor, avalia o diretor da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), Paulo Francini. Segundo ele, os fundamentos que compõem o Indicador de Nível de Atividade (INA), elaborado pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp e do Ciesp, corroboram o persistente cenário de baixa performance industrial.

"De algum lado teria de vir o sinal de recuperação e nós não o encontramos. Pelo contrário, as variáveis apontam para baixo, portanto a situação da indústria no ano é muito pior do que o cenário mais pessimista que nós poderíamos ter", afirma Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon), responsável pela elaboração do índice.

Francini reforça que fundamentos como a queda do emprego, a baixa demanda interna e externa pelo setor automotivo, sobretudo por parte da Argentina, e a falta de disposição em novos investimentos da indústria de máquinas e equipamentos continuam abatendo o desempenho da indústria paulista.

Ele acrescenta ainda que o aumento da taxa de juros e a falta da correção da taxa câmbio são fatores que agridem ainda mais o setor manufatureiro. "Portanto você olha para a indústria e não vê por onde ela vai sair. Num ano eleitoral em que o fantasma da inflação existe, você tem aumento da taxa de juros e uma taxa de cambio que não está se corrigindo", explica.

Na leitura mensal, o INA caiu 0,9% em maio versus abril, com ajuste sazonal. Mas, no acumulado de janeiro a maio de 2014, o desempenho da indústria paulista despencou 7,3% na comparação com igual período do ano anterior, o pior valor da série histórica da pesquisa com exceção de 2009, quando houve queda de 16,3%.


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O diretor da Fiesp e do Ciesp ressalta, no entanto, que os números da indústria em junho podem apresentar "uma queda importante" graças aos feriados e paralisações ocorridas no transporte público no mês passado. "Nesse caso tivemos 12 dias úteis se contadas todas as paralisações, feriado, Copa e etc".

No levantamento de maio, a variável que mais puxou o índice para baixo foi o total de vendas reais da indústria, com uma queda de 3,8% com relação a abril. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) caiu para 79% em maio contra 79,8% em abril.

Setores

Entre os setores apurados pelo INA, a indústria de Veículos Automotores apresentou queda de 3,4% em maio versus abril, com ajuste sazonal, abatido pela queda de 7,6% no total das vendas reais.  De acordo com a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), as exportações do setor automotivo para a Argentina caíram 26,3% no acumulado do ano até maio.

Também se destacou entre as baixas performances o segmento de Máquinas e Equipamentos, com queda de 1% na leitura mensal com ajuste sazonal, também puxado pelo declínio no total de vendas reais e também nas horas trabalhadas na produção, sendo 4,6% e 3,4% respectivamente.

A baixa mais expressiva, no entanto, foi registrada pelo setor de Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos ao computar queda de 6,4% em meio a perdas de 3,1% do total de vendas reais. "O setor que mais cai é o de Equipamentos Elétricos, na esteira da crise das distribuidoras pressionadas por uma redução de preço de venda de um lado e aumento de custo do outro", afirma Francini.

Economia preocupa

O diretor da Fiesp e do Ciesp reitera que o desempenho da economia brasileira preocupa ao passo que as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) começam a gravitar em torno de 1%, "que é um resultado muito ruim e passa a ser o teto possível de expansão da economia".

Segundo ele, tendo em vista as dificuldades que se colocam para a atividade econômica no segundo semestre de 2014, "quem for eleito terá uma missão difícil no ano de 2015, espero que seja superável".

Percepção

A percepção geral dos empresários com relação ao cenário econômico no mês de junho, medida pelo Sensor Fiesp, ficou estável em 47,2 pontos, ante 47,4 pontos em maio.

Já a percepção quando o item Emprego mostrou uma forte piora em junho para 41,4 pontos contra 47,7 pontos em maio. "O emprego apresenta no mês de junho a variação mais negativa ocorrida nos últimos dois anos", informa Francini.

A variável Estoque subiu de 32,9 pontos no mês anterior para 44,5 pontos em junho. Enquanto o item Mercado ficou estável em 49,5 pontos em junho ante 48,6 pontos em maio.O componente Investimento também ficou estável em 53,6 pontos em junho contra 54,7 pontos em maio.

A percepção dos empresários com relação a Vendas, no entanto, piorou para 46,7 pontos versus 52,9 pontos em maio.