Depois de anos de desenvolvimento, uma nova tecnologia promete nada menos do que fabricar peças complexas - para automóveis, por exemplo - em uma única etapa. A tixoconformação, ou fundição injetada, consiste em dar formas a metais em estado semi-sólido, sem necessitar levar o metal ao estado líquido, como na fundição tradicional.
O processo atual de fabricação de peças para a indústria automotiva consiste de três a quatro etapas, dependendo do caso, o que inclui fundição, desbaste, usinagem, polimento etc. Com a nova técnica, a peça final é feita em um único passo, eliminando todas as etapas intermediárias ou de acabamento.
O objetivo da equipe é levar a tixoconformação dos laboratórios para a indústria - em laboratório, todo o processo já funcionou a contento.
Do laboratório para a indústria
A tecnologia da tixoconformação vem sendo pesquisada há vários anos, mas, apesar dos ganhos potenciais, até agora nenhuma indústria conseguiu usá-la na prática. O grupo espanhol se concentrou na fabricação de um único modelo de peça automotiva, usado na suspensão traseira, conectando a roda com o disco de freio.
"Nós submetemos a peça a um processo que, em última instância, tenta quebrá-la, para ver quanto tempo ela dura, mas o equipamento está durando mais do que o esperado," conta o professor Jokin Lozares, da Universidade Mondragon.
"Estamos ainda estudando a possibilidade de trabalhar com materiais mais avançados do que o aço, tendo em mente principalmente a indústria aeronáutica," acrescentou o pesquisador.
A equipe está trabalhando em conjunto com uma indústria do setor automotivo com vistas a transferir o processo da escala de laboratório para a escala industrial.
Tixoconformação
A tixoconformação é um processo no qual o material é mantido entre um estado líquido e sólido, sendo moldado diretamente nesse estado semi-sólido. Isso oferece várias vantagens em relação aos métodos tradicionais de forjaria e fundição, entre elas a economia de material.
"Para produzir a mesma peça, a tecnologia de tixoconformação usa cerca de 20% menos material do que a forjaria, uma vez que não há nenhum material em excesso [na peça], e a peça final, com a geometria desejada, é obtida diretamente," explicou Lozares.
"Mais do que isso," acrescentou ele, "é um processo que pega três ou quatro passos na indústria e reduz para uma única etapa, e permite obter geometrias infinitamente mais complexas."