Honda investe R$ 100 mi em parque eólico

Fabricante estudou outras fontes, mas custo e impacto menores favoreceram ‘‘cata-ventos’’.

Entre diferentes alternativas consideradas para produção de energia pela Honda no Brasil, a eólica foi a mais viável, como conta o presidente da Honda Energy, Carlos Eigi Miyakuchi: “Estudamos as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), que têm grande impacto ambiental, a energia solar, que é cara e pouco eficiente, e também biomassa, para produção de energia a partir do lixo da cidade de Sumaré (onde a Honda fabrica Civic, City e Fit). Optamos pela eólica pelo custo e menor impacto”, afirma o executivo.
 
“Na comparação entre eólica e solar, a primeira tem eficiência de cerca de 50% no Nordeste e de 40% no Sul; no caso da solar ela cai para 12%”, explica Miyakuchi. Ao longo de quase dois anos, também teve grande participação no projeto do novo parque eólico de Xangri-lá o gerente de gestão ambiental e sustentabilidade, Arthur Signorini. 
 
“Cotamos praticamente todas as fabricantes de aerogeradores. Optamos pelos equipamentos da dinamarquesa Vestas por causa da potência elevada, de três megawatts cada. Serão nove unidades”, recorda Signorini. A entrega ocorre em junho de 2014 e o início da operação, em setembro. “Eles usarão torres de aço de 100 metros, com elevadores para duas pessoas e também escadas. As hélices (com três pás cada) têm 112 metros de diâmetro.” O projeto do parque foi feito pela companhia francesa Theolia. Dos R$ 100 milhões investidos, cerca de 70% pagarão equipamentos. 
 
Ele garante que as estruturas, apesar do material empregado, vão resistir à oxidação pela ação da maresia, já que o parque fica muito próximo do mar, de onde vem o vento predominante. Ele sopra à velocidade média anual de 13 metros por segundo, o que dá 46,8 quilômetros por hora. “E os aparelhos são capazes de girar 360 graus, para captar o vento sempre de frente.” 
 
Signorini visitou 27 locais diferentes antes da decisão por Xangri-lá: “Em um desses lugares, no Ceará, os ventos eram realmente bons (chegavam atrapalhar durante o almoço, conta), mas teríamos de instalar 50 quilômetros de linha. Em Xangri-lá será apenas um quilômetro até a subestação, que está conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN).” Cerca de 150 pessoas vão trabalhar na construção do parque eólico, mas somente uma pessoa ficará no local para monitorar a operação. 
 
O projeto do parque eólico nasceu no Brasil. “Começou pela questão da redução de emissões”, diz Signorini. Com ele, a Honda deixará de emitir 2,2 mil toneladas de gás carbônico (CO2) por ano na fábrica de Sumaré, equivalentes a 30% do total gerado pela fábrica. 
 
Há dois anos, a empresa estabeleceu como meta a redução de 30% das emissões de CO2 de seus carros, motos, produtos de força (geradores, motobombas e cortadores de grama, por exemplo) e também de seus processos produtivos, tomando por base os índices do ano 2000. O parque eólico é uma das iniciativas que ajudarão a empresa a alcançar essa meta. 
 
Este será o primeiro parque eólico da Honda em todo o mundo a suprir toda a demanda de uma fábrica de automóveis. Nos Estados Unidos há algo parecido, mas em menor dimensão e operado por uma companhia energética. No Brasil também não há nenhuma operação como essa tocada por fabricantes de automóveis.
 
Por Mário Curcio/ Automotive Business