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Os países dos Brics - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - se reúnem nesta semana em Washington para tentar acelerar a criação de seu banco de desenvolvimento, em meio a tentativas da China de garantir o controle da futura instituição. O Valor apurou que Pequim quer colocar maior fatia no capital inicial de US$ 50 bilhões do banco para garantir mais poder decisório. Já o Brasil defende que os países aportem somas iguais de US$ 10 bilhões cada um.
A China defende sua posição com dois argumentos. Primeiro, como segunda maior economia do mundo, diz que os Brics precisam levar em conta o tamanho de cada economia na repartição do capital do chamado Novo Banco de Desenvolvimento (NBD). Segundo, alega que sua maior participação acionária dará rating de crédito mais alto ao futuro banco no mercado internacional, podendo captar dinheiro mais barato.
Com US$ 3,5 trilhões de reservas internacionais, a China tem a melhor classificação de risco entre os Brics, 'AA-', o que significa alta qualidade, ante 'BBB' para o Brasil, Rússia e África do Sul e 'BBB-' no caso da Índia, que é média qualidade.
Não só o Brasil resiste à proposta. A Índia tampouco parece simpática à ideia de controle chinês. Já a África do Sul, a que tem menos poder de fogo financeiro, está mais interessada em obter a sede da instituição.
Além disso, a África do Sul poderá ser um dos principais beneficiários dos empréstimos que o banco vai fornecer na África para projetos de desenvolvimento.
O certo é que, no caso do fundo de reserva comum de US$ 100 bilhões anunciado pelos Brics, a China entrará com quase metade, ou seja, US$ 41 bilhões. O Brasil, a Rússia e a Índia entrarão com US$ 18 bilhões cada e a África do Sul, com US$ 5 bilhões.
Nessa terça-feira (8), em Washington, os Brics vão anunciar mais avanços em vários textos importantes para a criação do banco, empurrando para mais tarde como resolver a divergência sobre a gestão do estabelecimento.
Uma fonte da Rússia, país que nunca mostrou muita simpatia pela criação do NBD, parece duvidar da possibilidade de criação formal do banco na cúpula de março em Fortaleza, como planeja o Palácio do Planalto.
Os Brics voltarão a cobrar que o Fundo Monetário Internacional (FMI) acelere reformas para lhes assegurar maior poder de decisão, como acertado há anos. O problema é que o Congresso americano não ratificou até agora a primeira reforma de cotas da entidade. E na crise sobre o orçamento nos EUA, a reforma do FMI parece ser uma preocupação menor para congressistas.
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