Depois de recuar forte em julho, a indústria brasileira ficou estagnada (0%) em agosto. A produção ficou em um patamar 1,2% inferior ao do mesmo mês do ano passado. O IBGE revisou o dado de julho para uma queda mais acentuada de 2,4% em vez de 2%. Para economistas, a estabilidade da produção reforça as expectativas de um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) mais fraco no terceiro trimestre. As estimativas para o PIB vão de um recuo de 0,5% a uma alta de 0,2%.
Um cenário de demora na retomada da atividade econômica associado a um mercado de trabalho menos pujante, inflação alta e queda da confiança de empresários e das famílias influenciaram, sobretudo, o comportamento da indústria de bens de consumo. Os semi e não duráveis caíram 0,3% em agosto frente ao mês anterior. No acumulado do ano, eles são a única categoria em queda, com retração de 0,2%. A indústria como um todo sobe apenas 1,6% de janeiro a agosto e 0,7% nos últimos 12 meses.
No ano, o destaque da indústria são os bens de capital (máquinas e equipamentos), com avanço de 13,5%. Em agosto, o segmento cresceu 2,6%.
"O crescimento de bens de capital ocorre sobre uma base fraca de comparação e na esteira da venda de caminhões e de bens de capital para o setor agrícola", ressalta Thais Marzola Zara, economista da Rosenberg & Associados.
Por Clarice Spitz/ O Globo