O presidente da PSA Peugeot Citroën da América Latina, Carlos Gomes, declarou nesta quarta-feira (19) que há indicações de que o regime automotivo Brasil-Argentina será prorrogado, já que os negociadores dos governos de ambos países ainda não definiram o formato do novo acordo, que vence em poucas semanas.
“Não temos informações detalhadas sobre o conteúdo das negociações. Mas parece que é do entendimento de ambos governos que seria bom prorrogar o acordo atual. Não seria o acordo ideal. Mas existe esse entendimento entre os governos”, disse Gomes, que comanda do Brasil a sede latino-americana da empresa francesa.
Em julho, vencerá o regime automotivo renovado pela última vez em 2008. O regime estabelece um comércio administrado e impede o livre comércio de veículos, na contramão do que estava previsto originalmente pelo Mercosul, que havia determinado o fim das barreiras comerciais entre os países-sócios a partir do ano 2000.
Na segunda-feira (17), o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, fez uma visita relâmpago a Buenos Aires, onde reuniu-se com a presidente Cristina Kirchner na residência oficial de Olivos. No entanto, Pimentel recusou-se afalar com a imprensa. O governo Kirchner também manteve sigilo.
Informações extraoficiais indicam que Pimentel e Cristina discutiram os casos de empresas brasileiras que tiveram problemas na Argentina nos últimos tempos, como Vale, ALL e Petrobras. Além disso, também teriam discutido o regime automotivo bilateral.
“O tempo para fazer um novo acordo parece impossível. A solução mais natural parece o prolongamento”, indicou Gomes ontem a um grupo de correspondentes brasileiros no Salão do Automóvel em Buenos Aires. Fontes do setor indicaram ao Estado que a prorrogação poderia ser por 18 meses a partir de julho.
As reuniões para definir o novo regime automotivo estavam previstas inicialmente para o segundo semestre do ano passado. Mas a agenda atrasou e ainda não foram definidos os parâmetros do novo regime.
Nos últimos 13 anos, desde os tempos do presidente Fernando De la Rúa (1999-2003), os diversos governos argentinos conseguiram arrancar do Brasil várias renovações do acordo, em vez de implantar o livre comércio.
Em 2000, Dela Rúa contava a secretária de Indústria Débora Georgi, que pregava “inflexibilidade” com o Brasil. Na ocasião, os argentinos conseguiram impedir o livre comércio. Agora, Débora é a ministra da Indústria da presidente Cristina. Seu apelido: “Senhora Protecionismo”. /A.P.