por Mario Belesi    |   06/05/2015

O futuro da indústria brasileira

A indústria brasileira vem enfrentando um momento de grandes desafios. Uma das principais soluções adotadas pelos empresários para enfrentar este momento tem sido investir intensamente em tecnologias de ponta para trazer o dinamismo econômico que o Brasil precisa para competir com outros mercados mundiais.

Hoje, a produção nacional é 7% inferior à de agosto de 2008 – período anterior à crise econômica global. Segundo o IEDI - Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, o Produto Interno Bruto (PIB) da indústria da transformação está negativo. Além disso, a competitividade foi prejudicada por uma moeda valorizada por um longo período,  por taxas de juros elevadas e por alguns outros fatores que conhecemos. Por isso, nos últimos anos, a indústria brasileira recuou no cenário internacional, tendo uma baixa capacidade de inovação e pouca representatividade com produtos realmente inovadores. O reflexo disso são países emergentes como Índia, China e Coreia do Sul ultrapassando o Brasil.

No ranking mundial, a participação da indústria brasileira encontra-se em 11º lugar, com apenas 1,6% do valor agregado. Em 1980, o Brasil estava na 7ª posição e respondia por 2,7% do valor agregado. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2013, as exportações totais do Brasil correspondiam a 1,3% do volume mundial, ocupando a 22ª posição. Já em produtos manufaturados, o Brasil era o 31º exportador, com 0,7% das exportações mundiais.

Pesquisas internacionais da Dassault Systèmes indicam que a tecnologia é a melhor alternativa para que as indústrias consigam reverter seus resultados. A redução de custos é um dos grandes objetivos de setores como engenharia e operações, pois seu impacto dentro da cadeia de valor é certamente notado quando aliado a processos inteligentes de desenvolvimento de produtos. Com uso de sistemas especiais e de engenharia simultânea, é possível criar novos produtos em menos tempo, ser mais assertivo no desenho e no desenvolvimento e produzir de forma mais competitiva, otimizando os investimentos. Optar por soluções tecnológicas é um grande passo para o Brasil voltar a concorrer, de igual para igual, com outros países que estão investindo em soluções que trazem inovações para suas indústrias. Paralelo a isso, o Governo deve fazer a sua parte.


Continua depois da publicidade


Sem tecnologia, as indústrias brasileiras estão tendo um retrabalho, pois só estão descobrindo erros de projeto no momento da produção. Esse círculo vicioso faz com que a performance caia pelo menos 30%, encarecendo os produtos ‘Made in Brazil‘. O foco na redução do desperdício dentro do ciclo de projeto traz inúmeros benefícios como, por exemplo, a necessidade da busca de melhorias contínuas, proporcionando mais tempo livre para o investimento em inovações, fator primordial para competitividade nas organizações brasileiras.

Se até o ano passado o mercado demonstrava certa instabilidade por conta de processos sociais, políticos e econômicos do Brasil, as companhias já estão se adaptando ao novo cenário. Neste momento o mais importante é ter a consciência de que é fundamental, mais do que nunca, que as empresas estejam preparadas para enfrentar os próximos desafios, estando bem posicionadas quando o mercado retomar seu crescimento.

O desafio agora é elevar o crescimento do setor industrial e obter um dinamismo superior à média da economia mundial. Para sustentar esse desenvolvimento, é necessário abandonar a postura defensiva e adotar uma visão global e que permita a abertura para os mercados globais. Sendo assim, vários países emergentes que estão obtendo sucesso têm investindo em tecnologia para desenhar e testar produtos antes mesmo da linha de montagem. Com sistemas de ponta e informações completas sobre os projetos, as indústrias têm elementos para evitar mudanças tardias em seus processos de fabricação. Esses atrasos custam caro e impactam seriamente a qualidade do produto final, assim como seu custo de produção.

Para que o Brasil consiga mudar o cenário atual de sua indústria, é fundamental que a política industrial incorpore atributos de inovação e que estejam articulados com a nova política de comércio exterior do País. Com isso, a participação do Brasil nas importações e exportações aumentará, favorecendo a integração da produção brasileira em cadeias globais de valor e permitindo que o País consiga acompanhar as tendências de desenvolvimento tecnológico que estão sendo amplamente usadas por países desenvolvidos e estão começando a fazer parte do cotidiano das indústrias de locais que buscam expansão com seus novos parques fabris.

Sem dúvida, a indústria brasileira tem condições de competir de igual para igual com qualquer país do mundo. Exportando produtos e não matérias-primas, o Brasil aumentará seu PIB e ganhará destaque internacional. O investimento em tecnologia aprimora projetos e o tempo de produção, reduzindo custos e, consequentemente, aprimorando sua cadeia de valor. O Brasil é um país de grandes oportunidades e temos todas as condições para brilhar no cenário mundial.

*Mario Belesi é diretor da Dassault Systèmes, responsável por SolidWorks para a América Latina.

O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

Mario Belesi