A Volvo Construction Equipment ou apenas Volvo CE, divisão de máquinas e equipamentos de construção do Grupo Volvo, anuncia o investimento de US$ 20 milhões em seu complexo industrial de Pederneiras, no interior paulista: US$ 10 milhões serão utilizados na transferência de uma linha de CKD de retroescavadeiras do México para transformá-la em produção local no Brasil, enquanto os outros US$ 10 milhões serão aplicados em uma nova fábrica dentro do complexo, para produzir as escavadeiras da marca chinesa SDLG, com quem a Volvo CE mantém uma joint venture. As duas unidades devem acrescentar em 20% os postos de trabalho no complexo, que hoje emprega 700 pessoas.
O anúncio foi feito ontem (19) em São Paulo pelo presidente da Volvo CE para a América Latina, Afrânio Chueire, durante seu primeiro encontro com a imprensa após assumir o cargo no lugar de Yoshio Kauakami. Segundo o executivo, a decisão por desativar a linha de Tultitlán, na região metropolitana da capital mexicana passa por fatores que compensam o custo de produção no Brasil como concentrar a produção para ganhos de escala e volume de produção, redução nos prazos de entrega e facilidades logísticas.
“Outro benefício é a oportunidade de oferta de financiamentos por intermédio do Finame, linha de recursos voltada para bens de produção que tem juros baixos e longos prazos”, lembrou.
Pelas projeções, a linha nacional de retroescavadeiras deve começar a produzir no início de 2014, a princípio pelos componentes essenciais, como lança, braços, estruturas e cabine. A produção será progressiva e espera-se atingir o índice de nacionalização de 60% entre os próximos 6 e 12 meses, o mínimo para financiamento via Finame. A planta terá capacidade de produção de 4 a 7 unidades por dia ou de 500 a 1,5 mil unidades por ano, podendo aumentar para 2 mil/ano. As retroescavadeiras brasileiras atenderão os mercados da América Latina e da América do Norte.
Já no caso da SDLG, os planos de produção são de 4 máquinas ao dia ou 600 unidades ao ano, podendo chegar a 1 mil unidades/ano. Chueire explica que o prazo para alcançar o índice mínimo de nacionalização para financiar as máquinas via Finame é o mesmo que o projetado para a Volvo CE. A parceira chinesa participa de um nicho de mercado distinto do da Volvo CE no Brasil, formado por máquinas e equipamentos com menor grau de tecnologia embarcada e por isso não competirá com a marca sueca. Esta será a primeira fábrica da SDLG fora da China.
“As operações da SDLG no Brasil serão totalmente independentes e separadas da Volvo CE, incluindo produção, logística, estrutura de vendas e rede de distribuição”, afirmou o executivo que participou da entrada da marca no mercado nacional, há quatro anos. O início da produção das escavadeiras SDLG está previsto para setembro deste ano, com quatro modelos de escavadeiras de esteira que cobrem a faixa de 13,8 toneladas a 24,3 toneladas. nicialmente, elas atenderão o mercado interno, mas a Volvo CE não descarta a exportação dos produtos da SDLG para outros mercados, principalmente os da América Latina. A joint venture continuará com a importação das carregadeiras da marca chinesa.
Chueire afirma ainda que com a produção nacional das escavadeiras SDLG, a rede de concessionárias crescerá: até a metade deste ano, serão inauguradas quatro revendas em Curitiba (PR), Contagem (MG), Porto Alegre (RS) e Rio de Janeiro (RJ). Atualmente a rede SDLG é formada por 6 grupos econômicos e somam 28 pontos de venda no Brasil. Na América Latina, são mais 18 pontos distribuídos pela Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Chile e Peru.
Mercado
Além das novidades no parque fabril de Pederneiras, o presidente da Volvo CE divulgou os resultados de vendas de 2012 na América Latina, com 4.244 unidades vendidas, o que representou queda de 3,8% com relação ao ano anterior. Ainda assim, 2012 foi o terceiro melhor ano de vendas para a companhia na região. Deste total, 2,9 mil unidades foram entregues ao mercado brasileiro e 1,4 mil unidades aos demais países.
O destaque foi a expansão de 160% das vendas de caminhões articulados fora de estrada na região, que atingiu a marca de 242 unidades em 2012 contra 149 do ano anterior, enquanto o segmento cresceu 58% na mesma base de comparação. Foi o terceiro melhor ano em volume. Entre as máquinas de construção, as vendas de retroescavadeiras cresceram 22%, para 491 unidades no ano passado.
Para Chueire, o mercado está mais competitivo: “Há seis anos, cinco marcas globais tinham fábrica no Brasil, hoje este número aumentou para dez marcas com fábricas aqui”, argumenta. O executivo aponta oportunidades de mercado que devem se estender para este e para o próximo ano, que devem alavancar o setor de construção, responsável por consumir 60% das vendas da Volvo em 2012. Ele elenca a continuidade das obras do PAC, o recém-lançado programa de investimento em logística que contará com a iniciativa privada, a extensão dos prazos de concessão de rodovias, de 20 para 25 anos, e de ferrovias, de 30 para 35 anos, a expansão das atividades de mineração, obras de infraestrutura e desenvolvimento urbano em toda a América Latina, além das obras que envolvem os eventos esportivos no Brasil, Copa do Mundo em 2014 e Olimpíadas em 2016.
Sem mencionar qual deve ser a participação da Volvo CE no mercado deste ano, o executivo projeta que as vendas totais crescerão entre 3% e 5% este ano na América Latina: no ano passado a região comprou 23,6 mil novas máquinas e equipamentos de construção enquanto o Brasil consumiu 26,2 unidades. Ambos registraram crescimento, de 7,2% e 4,8%, respectivamente.
Por Sueli Reis/ Automotive Business