Setor de ferramentas espera recuperação efetiva em 2013

Empresários do setor acreditam que medidas adotadas em 2012 começarão, aos poucos, a surtir efeito

 

Depois de um ano marcado pela forte retração da atividade industrial, pelas significativas perdas nos postos de trabalho e, consequentemente, pela queda brusca na participação da economia do país, o setor de artefatos de ferro, metais e ferramentas finalmente espera uma recuperação mais efetiva em 2013.
 
De acordo com Milton Rezende, presidente do Sinafer, sindicato que representa o setor junto aos órgãos governamentais, a fase mais difícil já está sendo superada. “Daqui para frente a tendência é que as ações adotadas pelas empresas ao longo deste ano, na tentativa de amenizar os impactos causados em decorrência desta crise global, comecem a surtir efeito”, pontua.
 
Quem comprova estes primeiros sinais de otimismo é o diretor da Metalúrgica Inca, Riad Xavier Jauhar. Ele acredita que 2013 será um ano melhor, apesar da sinalização de uma inflação maior. “Ainda que de forma muito tímida, as medidas tomadas pelo governo para impulsionar a economia nacional têm ajudado. A redução de alguns impostos e a manutenção da taxa do câmbio  neste  patamar  de  R$ 2 inibem um pouco as importações. Os juros bancários que nunca estiveram nestes percentuais, aliados à oferta de recursos pelo BNDES para aquisição de máquinas, deverão  impulsionar  o mercado”, argumenta.
 
Para o presidente da Starrett Brasil, Salvador de Camargo Jr., as expectativas são ainda mais positivas. A fabricante de serras, ferramentas, equipamentos de metrologia e instrumentos de medição conseguiu encerrar o seu ano fiscal (que segue o da matriz nos Estados Unidos e que, portanto, começa em julho e vai até junho do ano seguinte) com um crescimento acima de 10% em volume de vendas. Para tanto, a empresa precisou dispor de muitos investimentos, principalmente na produção.
 
“Automatizamos os processos, montamos novas células de produção e investimos em produtividade para reduzir custos. Além disso, focamos em novas tecnologias e em um consistente planejamento de marketing envolvendo novos produtos”, conta Camargo Jr. Se nos últimos 12 meses a Starrett conseguiu renovar 9% de suas linhas, a perspectiva é de que este número chegue aos 15% no próximo ano.
 
Já na opinião do presidente da Walter do Brasil, Salvador Fogliano Jr., a recuperação do setor acontecerá de forma gradativa. Ele acredita que os problemas ocasionados pela crise deverão se estender até o primeiro trimestre de 2013 e que somente a partir disso será possível notar alguma mudança. “O ano de 2012 foi mais desafiador do que esperávamos, mas a grande diversidade de atuação da nossa empresa nos permitiu amenizar a situação”, revela.
 
Para alavancar os negócios e tornar esta recuperação possível, a Walter do Brasil pretende continuar apostando nesta diversificação, atuando em várias frentes, como gás e energia, além do setor automotivo que, na avaliação do empresário, foi um dos mais afetados neste ano. “Estamos com um controle bastante apurado de custos e fazendo todo o possível para manter a equipe, cortando gastos onde realmente é necessário para evitar demissões, pois acreditamos que as pessoas são o ativo da empresa”, complementa Fogliano Jr.
 
Esta postura de alinhamento corporativo também é uma prioridade para o diretor da Apolo Tubulars, Wilson Rosa Cordeiro. “Não enxergamos muitas mudanças no mercado nacional, mas temos a esperança de que as empresas, assim como a Apolo Tubulars, se posicionem de forma mais agressiva neste mercado, tanto comercialmente quanto no desenvolvimento de produtos. Acredito que o ganho de mercado pela Apolo Tubulars e demais empresas irá depender muito mais de ações internas estratégicas do que efetivamente da demanda”, opina.