O Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) fez chegar ao governo federal a insatisfação dos estaleiros e entidades representativas dos metalúrgicos com o ritmo das encomendas de novas embarcações.
Para o Sinaval, instituição que reúne os estaleiros brasileiros, o governo não pode contratar embarcações a companhia estrangeiras, pelo risco de desmobilizar um segmento que demonstra êxito no processo de recuperação de atividades desencadeado a partir de 2003.
Recém concluído, o balanço do Sinaval do quarto trimestre e do ano de 2012 expõe a preocupação do setor. Mas foi no discurso do presidente da entidade, Ariovaldo Rocha, proferido em solenidade no dia 17 de janeiro, que o tema foi explicitado. Embora tenha mantido o costumeiro tom elogioso de suas manifestações públicas, o presidente do sindicato surpreendeu as autoridades presentes ao dizer que "o mercado internacional (...) está querendo tomar conta de algo que acredito que seja soberano para o País". "O transporte brasileiro tem que ser com bandeira brasileira, nós temos que brigar por este aspecto. (...) Somos brasileiros e não devemos nada a ninguém."
No discurso, Rocha se referiu à falta de encomendas do Programa de Modernização da Frota (Promef) da Transpetro, cuja segunda etapa, a última implantada até agora, data de dezembro de 2008. A argumentação dos dirigentes dos estaleiros e da entidade que os representa é que a indústria naval brasileira só atingirá o padrão de excelência almejado se efetivamente for acionada e mobilizada.
A contratação maciça de empresas brasileiras, segundo Rocha, manterá em atividade os estaleiros e as empresas fornecedoras de bens e serviços, perenizando-os, aumentando a oferta de emprego - hoje são 62 mil trabalhadores em todo o Brasil - e garantindo a continuidade da atividade construtora naval pelas próximas décadas.