A Mercedes-Benz espera fabricar 15 mil caminhões na unidade de Juiz de Fora (MG) em 2013. A companhia começou a produzir o leve Accelo e o extrapesado Actros ali no primeiro semestre de 2012 e encerrou o ano com 10 mil unidades saídas da planta mineira. A meta da empresa era alcançar volume de 10 mil a 15 mil veículos. Apesar de o número ter ficado próximo do mínimo previsto, ele é visto como “uma vitória em ano de mercado tão difícil” pelo vice-presidente de operações da montadora no Brasil, Ronald Linsmayer.
Inaugurada há cerca de 15 anos para produzir automóveis, a fábrica passou por transformação que durou 18 meses para poder fabricar veículos comerciais (leia aqui). O processo foi enfim concluído e, a partir de janeiro, a planta começou a atuar plenamente, com todas as operações em funcionamento, incluindo as modernas linha de montagem bruta de cabines (soldagem) e de pintura, as últimas a ficarem prontas.
Para atender ao aumento das etapas de produção, a Mercedes-Benz anunciou a contratação de 140 funcionários, elevando o volume de trabalhadores da fábrica para 940 pessoas. O número de profissionais garante a atividade em um turno de produção. Segundo a montadora, esse deve ser o ritmo necessário para atender ao crescimento do mercado este ano.
A companhia concorda com a projeção da Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, de que as vendas de caminhões aumentem de 7% a 8% este ano, para até 150 mil unidades. “Essa evolução será puxada pelo crescimento da safra agrícola e pelas obras de infraestrutura. Outro fator positivo é começar o ano com as taxas de financiamento pelo Finame já definidas”, avalia Linsmayer.
A intenção da fabricante é ampliar suas vendas em ritmo maior e ganhar mercado em 2013. “Capacidade produtiva para isso nós temos”, garante o vice-presidente. O objetivo integra a estratégia da Mercedes-Benz para liderar globalmente o segmento de caminhões.
O aporte de R$ 450 milhões feito pela Mercedes-Benz na fábrica de Juiz de Fora foi suficiente para garantir capacidade de até 50 mil unidades por ano em três turnos de trabalho. O volume é adicional aos 83 mil veículos que a unidade de São Bernardo do Campo (SP) pode fabricar anualmente. A planta mineira recebe motores, transmissões e peças estampadas do complexo industrial paulista.
Crescimento da operação
Juiz de Fora tem papel chave para que a empresa desenvolva o seu programa. Os executivos responsáveis pela transformação da unidade garantem que ela está entre as mais modernas da Daimler no mundo. “Buscamos o que há de mais eficiente e trouxemos para cá”, explica o diretor de produção da montadora no País, André Luiz Moreira.
A planta tem 2,8 milhões de metros quadrados e mais da metade desse total é de área de preservação ambiental. Com 170 mil metros quadrados de área construída, o complexo industrial tem espaço de sobra para crescer.
Moreira afirma que ainda é cedo para pensar na construção de novas áreas, mas não descarta investimentos no médio prazo. Um deles poderia ser para ter ali uma estamparia, etapa que a fábrica não faz hoje. As chapas da cabine já vêm estampadas da fábrica de São Bernando do Campo (SP).
“O custo logístico é baixo. Com os volumes atuais, é mais vantajoso trazer de São Paulo do que fazer aqui”, explica. O diretor analisa que o investimento para instalar a estrutura para realizar mais este processo só vai compensar quando houver maior uso da capacidade produtiva, com volumes de pelo menos 40 mil unidades anuais em Juiz de Fora. “Além dos equipamentos caros, que demoram pelo menos 24 meses para ser entregues, uma estamparia exige prédio especial para suportar as prensas grandes e pesadas”, explica.
Fornecedores
A unidade mineira já conta com quatro fornecedores em seu parque industrial, que trabalham em regime just in sequence: Randon, Grammer, Seeber Fastplas e Maxion. O vice-presidente da companhia, Ronald Linsmayer, admite que este número ainda não está consolidado. “É um processo em evolução. Com certeza teremos mais parceiros aqui, mas não sei dizer quantos nem em quanto tempo. O interesse em vir para cá tem de ser mútuo.”
O executivo projeta que a instalação de novos fornecedores de peças e sistemas na região será puxada pelo aumento da nacionalização do Actros. Enquanto o conteúdo local do Accelo é superior a 90%, no extrapesado esse índice ainda não chega a 30%. A intenção é acelerar a presença das peças locais para 60% até o fim do ano que vem. Dessa forma, o veículo pode ser adquirido por meio do Finame.
Por Giovanna Riato/ Automotive Business