Produção de carros cai mais que o esperado

A produção de veículos caiu 1,9% em 2012

 

A produção de veículos caiu 1,9% em 2012, resultado pior do que a redução de 1,5% projetada pelas montadoras em dezembro. Com queda de 14% no último mês do ano em relação a novembro, o número final fechou em 3,342 milhões de unidades. Foi o primeiro resultado anual negativo em dez anos. Já as vendas foram recordes, com 3,8 milhões de veículos, incluindo importados.
 
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) espera para este ano recuperação de 4,5% na produção, para 3,49 milhões de veículos. O vice-presidente da entidade, Luiz Moan, aposta na melhora do segmento de caminhões, após queda de 40,5% verificada em 2012, e na continuidade do crescimento das vendas internas em 3,5% a 4,5%.
 
Também as duas novas fábricas inauguradas em São Paulo no último trimestre de 2012 terão o primeiro ano completo de operação. A unidade da Toyota em Sorocaba iniciou na semana passada um segundo turno de trabalho e vai dobrar a produção do compacto Etios de 150 para 300 unidades ao dia. Foram contratadas 620 pessoas.
 
A fábrica da Hyundai em Piracicaba voltou a operar ontem, após 15 dias de férias coletivas, e anunciou que vai contratar 100 novos funcionários neste semestre para a produção dos modelos HB20 e de novas versões. 
 
Exportação
Outro fator que pesou na queda da produção foram as exportações, com redução de 20,1%, para 442 mil unidades, menor volume em três anos. "A crise internacional atingiu vários dos nossos mercados, incluindo a América Latina", diz Moan. A Anfavea não espera melhora nas vendas externas, que devem cair mais 4,6% neste ano.
 
O setor encerrou dezembro com 295,2 mil veículos em estoque, equivalente a 24 dias de vendas. Desse total, 243,5 mil estão nas concessionárias e não terão o repasse do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que voltou a ser cobrado parcialmente neste mês. 
 
O imposto foi zerado para modelos 1.0 no fim de maio e caiu à metade para carros até 2.0. A partir deste mês, a alíquota começa a ser cobrada gradualmente até voltar ao normal em julho, quando o carro 1.0 volta a recolher 7% e, os demais, 11% (versões até 2.0 flex) e 13% (a gasolina).
 
Segundo Moan, as medidas de incentivo foram as principais responsáveis pela alta de 4,9% nas vendas no ano passado. "Elas representaram cerca de 400 mil vendas adicionais, além de uma arrecadação extra de R$ 1,5 bilhão, somando todos os impostos", afirma Moan.
 
Empregos
O executivo, que também é diretor da General Motors, lembra que, a partir de maio, o setor contratou 4,9 mil pessoas, e encerrou o ano com 149,6 mil funcionários.
 
Em dezembro, ocorreu a primeira baixa desde maio, de 183 postos. Segundo Moan, houve abertura de programas de demissão voluntária - a própria GM está reduzindo o quadro na fábrica de São José dos Campos (SP).
 
O grupo tem 940 funcionários em lay off (dispensa temporária) desde agosto, e o prazo da medida vence dia 26. Ao todo, a fábrica tem 1,6 mil trabalhadores excedentes após o fim da produção de Corsa, Zafira e Meriva, e negocia alternativas com o Sindicato dos Metalúrgicos local.
 
Moan informa que as montadoras mantêm acordo feito com o governo de manutenção de postos no setor até julho, quando o IPI volta integralmente. Significa que uma fábrica pode demitir, mas a soma de postos em todas as empresas ligadas à Anfavea não pode ser reduzida.
 
Segundo Moan, acabou o compromisso das fabricantes em conceder oficialmente bônus aos preços dos carros - que, somados ao IPI, resultaram em queda de até 10% nos preços. Na semana passada, duas fabricantes, Fiat e Volkswagen, informaram que, além do repasse do IPI, reajustaram tabelas sugeridas em 1% a 2% para carros ano/modelo 2013/2013.