O ritmo da produção industrial, que se manteve baixo durante todo o ano, foi o principal fator do fraco desempenho da atividade. Os volumes negociados representam um retrocesso de cinco anos, e retornam aos valores registrados em 2007
Os importadores de máquinas-ferramenta e equipamentos industriais, que compõem o grupo dos chamados bens de capital, movimentaram cerca de US$ 2 bilhões em 2012, com uma queda de 20% sobre o ano anterior. O resultado coloca a atividade no mesmo patamar negociado em 2007, ano em que a economia estava aquecida e preparava o boom vivido pelo setor industrial em 2008. Na prática, corresponde a um retrocesso de cinco anos no ritmo da atividade. “É lamentável que um setor tão importante para o crescimento do país tenha que amargar este resultado”, afirma o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas-Ferramenta e Equipamentos Industriais (Abimei), Ennio Crispino.
O baixo ritmo da atividade industrial é apontado como o principal fator para este fraco desempenho. “O nível de confiança do empresariado permaneceu baixo durante todo o ano, afastando os investimentos”, diz Crispino. De fato, a última pesquisa de Sondagem Industrial divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que só em outubro a produção ultrapassou a média dos 50 pontos (nível que indica evolução positiva, segundo a metodologia adotada) ficando em 54,9 pontos. Mas isto ainda não foi suficiente para elevar o otimismo dos empresários. O indicador de expectativa em relação à demanda caiu de 56,9 pontos para 55,7 pontos, de acordo com a pesquisa. “Empresário receoso não investe, apesar dos incentivos dados pelo Governo ao setor de bens de capital fabricados no país”, avalia Crispino.
Entre estes incentivos, o presidente da Abimei cita a linha de financiamento do Finame PSI, com juros de 2,5% ao ano, e o aumento da alíquota de importação de 14% para 25% em alguns bens de capital, como centros de usinagem, motores, geradores e certos tipos de máquinas usadas na indústria de construção. “A interferência do Governo, com claro viés protecionista, vai à contramão do comércio internacional e do aumento da competitividade da indústria brasileira, numa economia globalizada”.
Crispino alerta também para outro efeito nocivo da medida: o impacto direto no bolso do empresário, que continua comprando a máquina importada quando precisa aumentar a qualidade e a produtividade da sua fábrica. “O aumento do imposto de importação tem reflexo direto sobre o custo de um meio de produção que não tem financiamento fácil no Brasil, onerando ainda mais o industrial”, explica.
O setor continua em cautela com relação à expectativa para 2013. Para o presidente da Abimei, embora o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, negue uma alta do dólar no ano que vem, os sinais indicam a intenção do Governo de rever a banda cambial, para um patamar em torno de R$ 2,10, o que tornaria o produto importado quase 17% mais caro, em relação a 2011, quando o dólar estava em torno de R$ 1,80. “Só com a alta do dólar, o produto nacional ficou 5% mais competitivo, nenhuma melhoria de processo consegue dar este ganho”, salienta Crispino.
A pouca confiança vem com a expectativa de que as obras de infraestrutura saiam realmente do papel em 2013, devido à proximidade dos eventos esportivos mundiais, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, além da escala de incentivos que o Governo prevê até 2017, com o novo regime automotivo: “São medidas de longo prazo, mas se começarem a acontecer efetivamente, poderão dar novo fôlego à indústria”.
Para o presidente da Abimei, o Brasil precisa investir em bens de capital, nacionais e importados, para fazer frente às necessidades de crescimento do PIB. “A Abimei repudia medidas protecionistas, como o aumento do Imposto de Importação para máquinas, e defende a desoneração de impostos nos investimentos em bens de capital e nos meios de produção, sejam eles nacionais ou importados. Só com um parque industrial moderno e máquinas de qualidade conseguiremos fabricar produtos competitivos internacionalmente”, declara.