O Centro de Tecnologia de Informação (CTI) Renato Archer, de Campinas/SP, inaugura em janeiro próximo um núcleo de pesquisa e desenvolvimento em Atibaia, também no interior paulista, voltado à formação de projetistas especializados em circuitos integrados para uso em satélites, foguetes e outras aplicações espaciais. O núcleo receberá R$ 20 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e terá a parceria do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Laboratório de Sistemas Integrados (LSI) da USP, juntamente com o CTI, líder do projeto. O Inpe utilizará os circuitos em seus equipamentos na órbita terrestre. Esse aporte integra uma carteira de pesquisas que, em 2013, alcançará cerca de R$ 50 milhões, segundo Victor Pellegrini Mammana, diretor da instituição.
Com os recursos da Finep serão contratados 30 engenheiros especializados em projetos de circuitos integrados e adquiridas estações de trabalho para equipar a área de 600 metros quadrados. A implantação do núcleo marca o início das atividades do Centro de Inovação Atibaia - BBP - com três mil metros quadrados, dentro do Condomínio Empresarial Barão de Mauá, no município do interior paulista. "Essa capacitação é estratégica e garantirá autonomia para o Brasil, tornando-o independente da tecnologia estrangeira. Hoje a maior parte das demandas do Inpe de circuitos para aplicação espacial é suprida pela importação de diferentes países", explica Victor Mammana.
A expectativa com a implantação do núcleo é dominar os processos de capacitação e desenvolvimento da tecnologia desse tipo de circuito de aplicação espacial, reduzindo assim o impacto na balança comercial. Segundo dados da Abinee, em 2010, o déficit em componentes eletrônicos para diferentes setores alcançou US$ 12,3 bilhões. A primeira fase do projeto tem duração de dois anos, podendo ser renovado por mais dois anos com igual montante de recursos.
Além do núcleo, o Centro de Inovação Atibaia - uma iniciativa da prefeitura do município em convênio com o governo do Estado e governo federal - terá uma incubadora de empresa de base tecnológica e economia criativa e um centro de treinamento. "Atibaia está no centro geográfico de três polos de tecnologia - INPE, USP e CTI -, o que favoreceu a implantação do centro. É o início de um novo polo no estado de São Paulo e o CTI é o elemento principal desse projeto", afirma José Bernardo Denig, prefeito de Atibaia.
Robô subaquático
O CTI Renato Archer obteve financiamento de R$ 7 milhões da Finep para desenvolver um robô subaquático com capacidade para operar a 3000 metros de profundidade. O robô está em desenvolvimento pela unidade de Fortaleza do CTI Renato Archer, juntamente com parceiros locais públicos e privados, liderados pelo Instituto de Tecnologia da Informação do Ceará (ITIC).
A principal aplicação do robô é o apoio à produção de petróleo do pré-sal. "Trata-se um projeto de três anos, cujos recursos estão disponíveis e as contratações de profissionais já estão sendo feitas", diz Victor Mammanna. Além deste projeto, o escritório do CTI Renato Archer no Ceará recebeu recursos para o desenvolvimento de um barco robótico de inspeção ambiental, já em andamento. Os investimentos em projetos coordenados pelo CTI Renato Archer no Nordeste, em parceria com o ITIC, chegaram a um total de R$ 15 milhões.