Indústrias planejam elevar investimentos em 2013

Os recursos devem ser aplicados principalmente em elevação de capacidade ou diversificação de produção.

 

A expectativa de retomada de crescimento no último trimestre e em 2013 começou a fazer diferença nos planos das indústrias. Mais confiante, parte do setor planeja elevação de investimento em relação ao aplicado neste ano. Os recursos devem ser aplicados principalmente em elevação de capacidade ou diversificação de produção.
 
A indústria de móveis Butzke tradicionalmente faz investimentos com capital próprio e planeja fechar 2012 com aplicação equivalente a 1,5% do faturamento. Com a redução da taxa de juros, porém, a empresa deve buscar financiamentos no ano que vem e assim dobrar a capacidade de investimento. Os recursos serão direcionados a novas linhas de produtos.
 
A Festo, que faz partes e peças para máquinas e equipamentos, também vai ampliar investimentos em 2013. A empresa, que vai terminar este ano com investimento próximo a € 3 milhões, deve aplicar entre €7 milhões e € 8 milhões em 2013 para aquisição de máquinas para fabricação de novas linhas de produtos.
 
Sondagens já mostram uma expectativa das empresas de elevar investimentos no ano que vem. Pesquisa da Câmara Americana de Comércio (Amcham) indica que 52% dos executivos entrevistados declaram que as empresas devem investir em 2013 mais do que aplicaram neste ano.
 
A Latina, fabricante de eletrodomésticos, quase não investiu em 2012 e planeja tirar do papel, em 2013, investimentos de R$ 15 milhões que serão aplicados em nova unidade fabril e nova linha de produtos. O presidente da empresa, Valdemir Dantas, diz, porém, que vai esperar o desempenho da empresa no primeiro trimestre. A nova fábrica substituirá as duas unidades atuais e propiciará aumento de capacidade de 1,2 milhão para 2 milhões de produtos/ano.
 
Dantas diz que a nova unidade estava planejada desde 2011, mas o projeto ficou suspenso e foi programado para o ano que vem, com base na expectativa de retomada de crescimento. Segundo ele, o faturamento deste ano irá crescer entre 3% e 5% em relação ao ano passado.
 
Atualmente, a Latina trabalha em plena capacidade e com horas extras, ritmo que, com base nas encomendas, Dantas calcula que será mantido nos últimos dois meses. Durante o ano, a empresa ficou com ociosidade média de 20%.
 
O otimismo de Dantas não é isolado. A sondagem conjuntural da indústria de transformação da Fundação Getulio Vargas (FGV) de outubro mostra que o Índice de Confiança da Indústria (ICI) atingiu no mês 106 pontos, alta de 1% na comparação com setembro, e de 4,8% ante o mesmo mês de 2011. Pela primeira vez em 15 meses, a confiança dos empresários superou a média do índice de confiança dos últimos cinco anos.
 
Waldomiro Modena, presidente da Festo no Brasil, prevê que o novo regime automotivo aumentará a demanda de todo o setor automobilístico e de autopeças e acabará por alavancar os demais setores da indústria. Cerca de 45% do faturamento da empresa, diz Modena, vem do setor automotivo e de alimentos, mas a empresa também fabrica peças para e equipamentos de outros segmentos, como indústria farmacêutica.
 
Dentro de um cronograma que enxerga pelo menos os próximos cinco anos, a empresa vai praticamente triplicar no ano que vem o valor do investimento em 2012. Segundo Modena, a empresa adquiriu área de 15 mil m2, que serão adicionados aos atuais 45 mil m2. A ideia é aplicar recursos para produção doméstica de novas linhas de produtos. Entre eles, válvulas mais eficientes e cilindros mais sofisticados, atualmente importados de unidades que a empresa, de origem alemã, tem em outros países.
 
Michel Otte, diretor comercial da Butzke, diz que os investimentos da empresa em 2013 serão centrados em linhas de produtos diferenciados e mais intensivos em tecnologia e em ganho de produtividade. A empresa deve dobrar o nível de investimento em 2013, o que resultará em aplicação equivalente a 2,5% a 3% do faturamento. O aumento será financiado com recursos que, provavelmente, virão de linhas como Finep ou Finame, do BNDES.
 
O investimento do ano que vem faz parte de um programa contínuo da Butzke de troca de linhas de produtos, diz Otte. A empresa, porém, aproveitará as taxa de juros mais baixas para antecipar o investimento programado para 2014. "Planejamos elevar em 25% o faturamento em 2013, com igual ritmo de alta para as exportações."
 
Também fabricante de móveis, a SCA manterá o cronograma de investimentos para 2013, diz o superintendente da empresa, Sérgio Manfroi. O plano é investir € 15 milhões em máquinas e equipamentos que serão utilizados para aperfeiçoar a área de vidraria e para duas novas linhas.
 
Uma delas é a fabricação de módulos metálicos prontos para habitação ou uso corporativo, bastando apenas fazer a conexão à rede elétrica e hidráulica. Com os novos produtos, a empresa projeta elevação de faturamento próxima a 50% no ano que vem. Para 2012, o crescimento estimado é de 21%.
 
Por Marta Watanabe/ Valor Econômico