A presidente Dilma Rousseff anunciou ontem (24) a prorrogação do corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os automóveis até o fim do ano. A redução deveria acabar no fim do mês. O anúncio foi feito durante a cerimônia de abertura do Salão Internacional do Automóvel de São Paulo e surpreendeu os executivos do setor automobilístico, que esperavam a decisão para a próxima semana.
"Eu vim hoje aqui também anunciar que nós vamos prorrogar a redução do IPI até 31 de dezembro de 2012", anunciou a presidente ao fim de um discurso de 17 minutos em que citou a necessidade de as montadoras investirem mais na produção local.
O primeiro corte do IPI foi anunciado em maio, para durar até 31 de agosto, mas foi estendido até 31 de outubro e agora prorrogado de novo. O imposto para modelos nacionais 1.0, de 7%, foi zerado. Para aqueles até 2.0, que é de 11% a 13%, caiu à metade. Os preços ao consumidor tiveram redução de 5% e 10%.
Após a cerimônia, ao ser indagado sobre o anúncio de Dilma, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini disse que a extensão do benefício ajudará o setor a manter uma média diária de vendas 30% superior à registrada no primeiro semestre. Belini acredita que a indústria encerrará o ano com vendas próximas a 3,8 milhões de veículos, uma alta de 5% em relação a 2011.
O executivo afirmou que só esperava uma decisão do governo na próxima semana, pois na segunda-feira ele tem encontro com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e trataria do tema. Ao antecipar o anúncio, a presidente Dilma acabou com as estratégias das empresas de promover campanhas especiais de venda para o fim de semana.
Em agosto, quando venceria o primeiro período de vigência do IPI menor, foram vendidos 420,1 mil veículos, o melhor mês da história. Em setembro, as vendas despencaram 30%. O resultado parcial da primeira quinzena deste mês apontava nova queda de 10% em relação a igual período de setembro.
Em janeiro entra em vigor o programa Inovar-Auto, com novas regras para o setor, como o IPI menor para quem investir em pesquisa e desenvolvimento e em carros mais eficientes, mas o corte não será imediato.
No discurso, Dilma pediu uma indústria mais forte, menos dependente das importações. "Nós queremos gerar tecnologia, porque nosso país tem um desafio que é o da produção, e produzir vai significar ter uma imensa capacidade de inovar."
Por Cleide Silva/ O Estado de S.Paulo