A Volkswagen do Brasil volta a colocar a fábrica de São José dos Pinhais (PR) no jogo. Com o acordo firmado com os trabalhadores da unidade sobre política salarial, a montadora vai avaliar quanto será investido no aumento da capacidade produtiva. O presidente da montadora no Brasil, Thomas Schmall, disse que, após o acordo firmado, a empresa terá mais flexibilidade de produção.
“Os investimentos estavam congelados na unidade; agora voltamos a avaliar. Temos ganhos importantes por lá. Em 10 anos de fábrica, por exemplo, não tínhamos banco de horas. Agora, vamos ter. Foi um acordo muito bom para a empresa e para os trabalhadores”, disse Schmall, durante o Congresso Autodata.
A Volkswagen tem um plano de investimentos de R$ 8,7 bilhões de 2010 a 2016 e, até agora, os recursos só contemplavam as fábricas de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista e Taubaté, no interior de São Paulo. Em Taubaté, aliás, a montadora vai ampliar a capacidade para produção do novo compacto da marca, que vai concorrer no segmento de entrada, com faixa de preço inferior ao do Gol. O mercado aposta no Lupo, o compacto á vendido na Europa.
“A ampliação da fábrica agora está liberada em São José dos Pinhais. A unidade está subutilizada. Agora temos uma certa estabilidade em São José dos Pinhais e agora podemos planejar”, disse Schmall. Para novos investimentos em capacidade, a Volks deve levar ao Paraná um modelo o que justificaria os recursos em produção. Schmall, no entanto se esquivou e disse somente que teria mais novidades durante o Salão do Automóvel de São Paulo.
O acordo em São José dos Pinhais vale até 2014 e inclui abono salarial de R$ 4,2 mil neste ano e participação nos lucros e resultados de R$ 12,5 mil. Nos dois próximos anos, os abonos serão de R$ 2,8 mil e R$ 2,5 mil, respectivamente.
No Paraná, a Volks emprega 3,2 mil trabalhadores na linha de produção e outros 400 funcionários no setor administrativo. A média da produção diária da fábrica é de 870 automóveis dos modelos Fox, CrossFox, SpaceFox e Golf.
Outra montadora que está instalada no Paraná e está em processo de aumento de capacidade de produção, a francesa Renault vai sofrer os primeiros meses do próximo ano. Segundo o presidente da empresa, Olivier Murquet, foi programada parada de produção programada para oito semanas entre este ano e 2013. A parada da fábrica de São José dos Pinhais é em razão dos investimentos no aumento da capacidade de produção da montadora. Está em curso um plano de R$ 1,5 bilhão que prevê chegar a uma fabricação de 350 mil carros por ano. Hoje, a empresa pode montar 240 mil unidades anuais.
“Estamos trabalhando a pleno vapor para tentar formar estoques mas não estamos conseguindo. As vendas em janeiro e fevereiro serão bem difíceis. Teremos 10 meses para tentar fazer o que fazemos em 12”.
Murquet, no entanto, acredita que a empresa vai manter o ritmo de crescimento nas vendas no próximo ano, acima do aumento do mercado total. “Vamos tentar forçar uma venda mais focada nos carros que produzimos na Argentina, mas mesmo assim, não conseguiremos diminuir a queda nas vendas nos primeiros meses do ano. Isso porque, 80% do nosso mercado está centralizados no Sandero (hacth), no Logan (sedã) e o Duster (utilitário esportivo). Será um desafio comercial”, afirmou o executivo. Uma das apostas de Murquet é o hacth Clio. O carro, todo reformulado, será apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo este mês e terá além de uma nova frente, o maior índice de eficiência do segmento.
Por Ana Paula Machado/ Brasil Econômico