A atuação do governo para segurar o câmbio, a adoção de uma política de defesa comercial mais agressiva e o pacote para reduzir o custo da energia devem resultar em um 2013 melhor para o setor brasileiro de siderurgia. A avaliação é do presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes. "Com essas medidas, isso faz com que possamos ter uma expectativa de um 2013 melhor do que 2012", disse ele à Agência Estado.
Ele destacou que o fim da guerra fiscal entre os portos (em que alguns Estados reduzem a alíquota do ICMS, incentivando importações), esperado para o ano que vem, também reduzirá as pressões sobre as siderúrgicas no País. Mas enquanto isso não acontece, Lopes diz que a invasão de importados continua. Com a demanda ainda fraca nos Estados Unidos e na Europa, o mercado brasileiro continua sendo destino das exportações de outros países.
De acordo com informe divulgado pela Associação Latino-Americana do Aço (Alacero, na sigla em espanhol), as exportações chinesas de manufaturados de aço para a região aumentaram 38% em valor de janeiro a agosto de 2012 ante igual período de 2011, atingindo quase US$ 3 bilhões, e 9,5% em volume (1,9 milhão de toneladas). Segundo a IABr, o Brasil é o maior importador, respondendo por 19% do total da América Latina, o equivalente a 374.375 toneladas.
Recentemente, o governo aumentou o imposto de importação para 10 dos 13 produtos que a associação sugeriu. O instituto ainda não definiu que indicações dará para a próxima rodada de aumento para outros 100 produtos, mas defende a atuação do governo para reduzir as importações como forma de reverter o quadro difícil para o setor num momento em que a o excesso de capacidade de produção de aço no mundo passa de 500 milhões de toneladas. "Não dá para ser ingênuo dentro desse contexto de excedente mundial muito forte", diz Lopes.
Na avaliação do IABr, além da defesa contra o excesso de importações, as siderúrgicas brasileiras vão se beneficiar também de um maior crescimento da demanda interna, puxada pelos pacote de concessões de ferrovias já anunciado e pelo de portos, que deve sair ainda este mês. "Temos de ter vertente de crescimento interno e isso passa por investimento em infraestrutura (...) Tudo isso pode representar indução do crescimento mais sustentado do mercado interno", afirma o presidente do instituto.
Por Glauber Gonçalves/ Agência Estado