A Helibras, fabricante brasileira de helicópteros, inaugurou ontem, com investimento de R$ 420 milhões, a primeira ampliação de sua fábrica em Itajubá, no Sul de Minas, e já tem planos para novos investimentos no país. Do novo hangar sairão 150 modelos EC72 que terão 50% de conteúdo nacional, um terço dos quais adquiridos pelas Forças Armadas. O restante será destinado ao mercado offshore, inclusive para o atendimento à exploração de petróleo na camada do pré-sal.
De acordo com Eduardo Marson, presidente da empresa, a meta é expandir a oferta de prestação de serviços para fora do eixo Itajubá-São Paulo. A Helibras também se prepara para pôr na pista, em 2013, o projeto piloto de uma plataforma logística para atender ao mercado nacional fora da planta de Itajubá. As operações serão iniciadas em 2014. “Estamos procurando um lugar central, com capacidade para vôos internacionais de carga, e um dos nossos objetos de estudo é Confins (Aeroporto Internacional Tancredo Neves) em função do projeto de aeroporto-indústria no local”, sustenta Marson.
O aporte de recursos que será necessário para colocar em prática as duas iniciativas ainda está sendo calculado. “Estamos estudando o modelo para ampliar a oferta de serviços fora do estado. Podemos começar do zero ou em parceria, usando uma estrutura que já existe. O volume de investimentos vai depender disso”. As prioridades são montar uma base de manutenção na Região Centro-Oeste e outra no Nordeste.
O novo hangar é a terceira base completa de produção de helicópteros da francesa Eurocpoter no mundo. As outras duas ficam na França e na Alemanha. A empresa detém 75% do capital da Helibras. O objetivo é desenvolver no Brasil o primeiro helicóptero 100% nacional, um projeto que, depois de ser iniciado, levará 10 anos para ser finalizado e demandará investimentos pesados. “Não se trata simplesmente de pegar um helicóptero noutro país e reproduzi-lo aqui. A ideia é desenvolver uma nova aeronave, com marca brasileira”, explica Marson. A abertura do novo hangar possibilita à Helibras iniciar um diálogo com o governo brasileiro em torno do projeto nacional da aeronave. O salto no número de engenheiros da companhia, que saiu de nove para 70 em três anos, é a base para que o plano seja realizado.
“Tivemos que buscar mão de obra em diversas fontes. Grande parte desses engenheiros são ex-funcionários da Embraer. Com a contratação, conseguimos repatriar para o Sul de Minas muita gente que estava perdida pelo mundo”, brinca o presidente da Helibras. De acordo com ele, o projeto de expansão da fábrica de Itajubá atraiu desde profissionais que tinham saído de Minas para o Vale do Paraíba – que abrange parte do Leste de São Paulo e Sul do Rio de Janeiro e concentra parte considerável do Produto Interno Bruto (PIB) nacional –, e também para o exterior.
Poder de compra
Para viabilizar a ampliação da fábrica da Helibras, o Ministério da Defesa assinou um contrato de R$ 5,2 bilhões para a aquisição de 50 helicópteros EC 725. Marson reconhece que o negócio foi fundamental para que a Eurocopter reforçasse seus investimentos no Brasil. “Isso não acontece só com a Helibras. Ocorre com todas as empresas do setor, em outros países. O uso desse poder de compra traz como benefício o desenvolvimento da indústria e foi fundamental para que o projeto seguisse adiante.”
Durante a cerimônia, a empresa oficializou o memorando de intenção de compra do helicóptero EC225, versão civil do EC725, para a Líder Taxi Aéreo, que operará as aeronaves no mercado offshore para atendimento à Petrobras. A estatal já utiliza 14 dessas aeronaves, só que elas foram produzidas na França. A ideia é passar a atender esse segmento entre 2015 e 2016 com pelo menos 80 aeronaves fabricadas no Brasil. O novo hangar passa a receber toda a produção da Helibras. O antigo foi recuperado e está funcionando como centro de manutenção e modernização dos modelos Pantera e Esquilo, do Exército brasileiro.
Além da ampliação da fábrica, que aumenta em 12,5 mil metros quadrados a área de produção, os R$ 420 milhões aplicados no projeto englobam a construção do centro de engenharia e investimentos em todas as instalações auxiliares, como um banco de testes, além de treinamento, implantação do simulador de voo, produção de ferramental e contratação das empresas que fornecerão partes, peças e serviços à nova aeronave.
Por Zulmira Furbino/O Estado de Minas