Após conceder férias coletivas e parar a produção por 16 dias, entre abril e julho, devido à retração no mercado, a Scania vê sinais de retomada na venda de caminhões.
Acordo feito com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (CUT) permite trabalhar dez sábados para compensar os dias parados -dois deles serão como hora extra e os demais, descontados do banco de horas. A fábrica emprega hoje 3.074 funcionários.
"O mercado já sente alguns sinais de recuperação. As vendas do setor devem reagir positivamente mediante os esforços em cortar impostos e oferecer empréstimos subsidiados pelo governo federal", diz Roberto Leoncini, diretor da Scania do Brasil.
"Nossas atenções estão voltadas agora para as regras operacionais que serão estabelecidas pelo BNDES e a aceitação delas pelos bancos repassadores, que são peças fundamentais para o cliente conseguir crédito e para a efetividade dessas medidas."
Além das novas medidas anunciadas pelo governo, o executivo ressalta que ações em outros segmentos já influíram positivamente no crescimento da economia, o que indiretamente também beneficia o setor de caminhões.
"Essa lógica é simples: se há mercadoria a ser transportada, há demanda por caminhões. Portanto, estamos bastante otimistas."
Dados da Fenabrave (federação que reúne distribuidores e revendas) mostram que em setembro foram vendidos 8.466 caminhões (de leve a pesados) ante 11.363 em agosto -ou 25,5% menos que no mês anterior.
"Se considerarmos que tivemos quatro dias úteis a menos em setembro [19 ante 23 em agosto] e que todas as propostas de compra, com financiamento do BNDES, foram interrompidas por cerca de 30 dias para que os compradores pudessem se beneficiar da redução de juros do Finame [de 5,5% para 2,5% ao ano], essa queda de fato é menor do que [sugere] a simples leitura dos números", diz Alarico Assumpção Jr., presidente executivo da Fenabrave.
Rafael Marques, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, afirma que a Scania negociou prazo menor de férias coletivas para este ano (16 dias em lugar de 26), acreditando já na melhora do mercado.
EURO 5
O diretor-geral da Scania acredita que, parte do desempenho positivo da empresa se deve à estratégia de ter sido a primeira a vender caminhões com tecnologia Euro 5 (emite menos poluentes).
Por Cláudia Rolli/Folha de São Paulo