Alfredo Altavilla, presidente mundial da Iveco, afirmou que a empresa não anunciará novo pacote de investimentos para o Brasil até que o mercado interno prove o seu potencial. ″Os planos se baseiam no desempenho do mercado local e fico extremamente decepcionado ao olhar a performance de 2012. Diante disso, é difícil justificar novos aportes″, declarou em entrevista durante o IAA Veículos Comerciais, que começou na última terça-feira (18) em Hannover, Alemanha.
O executivo admite que já era prevista a queda nas vendas. O problema é que a reação das empresas foi reduzir preços, o que acirrou a disputa entre as fabricantes e pressionou as margens. "O Brasil acabou se tornando o mercado com mais concorrência. Todos os players estão lá: chineses, americanos e europeus. Assim como os outros, esperamos um futuro brilhante com a realização da Copa e das Olimpíadas no País. Mas, no fim das contas, queremos vender caminhões", ironizou o dirigente. Ele cobrou que o Brasil assuma o seu papel como uma das maiores economias do mundo e deixe de lado a postura de emergente.
O último ciclo de investimentos realizado pela companhia no País sustentou o crescimento de 2007 a 2011. Boa parte dos R$ 570 milhões aplicados no período atendeu a instalação da linha de produção de caminhões pesados na fábrica mineira de Sete Lagoas. Desde então, a operação local não conta com aporte exclusivo, mas disputa com outras regiões o pacote global de 1 bilhão de euros que atenderá o crescimento da empresa entre 2010 e 2014.
Na Europa, parte do montante foi destinada ao desenvolvimento dos novos caminhões Euro 6, apresentados no IAA 2012. Os modelos atendem a norma mais apertada de emissões, que entra em vigor na região em 2014. No Brasil, o pacote sustentou o lançamento da nova linha Daily e será usado ainda na construção da fábrica de veículos de defesa, que receberá R$ 55 milhões. A companhia anunciou ainda a nacionalização da produção do extrapesado Stralis Hi-Way. A novidade, principal destaque da montadora no IAA, que conquistou o prêmio de "Caminhão do Ano" no salão, será lançada no País ainda este ano.
Fornecedores
Os projetos comprovam que, mesmo sem predestinar parte do investimento global para o Brasil, a empresa está disposta a ampliar as estruturas no País caso o mercado interno demande. Altavilla aponta que a operação local é a terceira maior da Iveco, atrás apenas da Europa e da China, onde a empresa tem duas joint ventures, uma para comerciais pesados e outra para leves.
O presidente mundial da organização reclama que nem todos os fornecedores estão dispostos a acompanhar os investimentos que podem ser anunciados nos próximos anos. ″Os fabricantes de autopeças também precisam correr atrás. Há muitos fornecedores que se dizem locais mas continuam importando. Estamos investindo e queremos que nossos parceiros façam a mesma coisa″, cobra.
Giovanna Riato/ Automotive Business