Se depender da indústria metroferroviária brasileira, os dez mil quilômetros de ferrovias anunciados pelo Plano Nacional de Logística e Transportes podem ser construídos, que serão equipados com o material necessário. "A indústria não fica a dever nada aos grandes produtores mundiais e está preparada para enfrentar mais esse desafio”, afirmou o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários - Simefre, José Antonio Fernandes Martins ao abrir o painel sobre a competitividade da indústria metroferroviária durante a 18ª Semana de Tecnologia Metroferroviária no último dia 12.
Martins referia-se ao PNLT do governo federal, que destinará R$ 133 bilhões em obras de infraestutura de transportes e logística, dos quais R$ 91 bilhões só para a construção de mais dez mil km de ferrovias. Ao lembrar o pessimismo do primeiro semestre e as perspectivas de crescimento do PIB de 1,6 a 1,7% neste ano, Martins citou não só esse programa, como o PSI-4, do BNDES, que destinou R$2,8 bilhões para compra de equipamentos de transportes (caminhões, ônibus, tratores e implementos rodoviários e agrícolas), com juros de 2,5% ao ano, prazo de dez anos e financiamento de 100% do valor do bem, que devolveu o otimismo à indústria.
Entusiasmado, o presidente do Simefre previu crescimento de 4,5% do PIB no ano que vem, despertando o ceticismo do deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP), presente ao painel, que citou a previsão de crescimento de 4% do próprio governo, expressa na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para 2013. Mas Martins mostrou um panorama "extremamente confiante do setor diante da rota adotada pelo governo federal visando a expansão do emprego, e estímulo aos investimentos na indústria”.
Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária - Abifer, destacou os projetos inovadores da indústria local como os vagões de elevada capacidade de carga, plataformas que transportam dois contêineres de 40 pés sobrepostos, locomotivas de 4.400 HP e carros de passageiros que atendem às exigências atuais de portas mais largas e ar condicionado. A indústria também tem condições de atender às novas tecnologias como monotrilho, VLT, trens regulares para médias e longas distâncias e até trem de alta velocidade, acrescentou Abate. Confiante na expansão do mercado, o setor está aplicando desde 2003 R$1,5 bilhão em modernização e ampliação do parque industrial, avanços tecnológicos e para aumentar a capacidade até 2013. A indústria, segundo Abate prevê produzir até o final deste ano entre 3.500 a 4 mil vagões, 110 locomotivas, 340 trens de passageiros e fechar o ano com receita de R$4.7 bilhões.
Para estimular a indústria, Abate reivindica ao governo compras públicas preferenciais da indústria local, prazo de financiamento de 15 anos em vez de 10, desconto de 75% na tarifa de energia elétrica para estimular a renovação da frota com a substituição da corrente contínua por alternada e desoneração da folha de pagamentos.
Membro da Frente Parlamentar em Defesa da Infraestrutura, o deputado Arnaldo Jardim, participou do painel a convite da Aeamesp, disse que a grande questão a ser enfrentada é aumento do nível de investimento para recuperar o setor industrial. Ele apontou "o acerto da política econômica na redução das taxas de juro, a administração correta do câmbio flutuante, e o pacote de desoneração, anunciado na terça-feira que resultará queda da tarifa de energia”. Apesar de ser da oposição ao governo, ele contou que estava lá para aplaudir a medida que, segundo ele, contribuirá efetivamente para melhorar a competitividade dos produtos brasileiros.
Entre os projetos que trabalhou em favor do setor metroferroviário, Jardim citou a Política Nacional de Resíduos Sólidos, cujo projeto levou 19 anos para ser aprovado e o Plano Nacional de Mudanças Climáticas, que prevê reduzir em 25% até 2025 as emissões e pregou a maior agilidade no licenciamento ambiental.