No Rio Grande do Sul, 2 mil vagas foram fechadas em maio

Em Caxias do Sul a perda líquida de vagas na indústria chegou a 938 em maio e a 400 nos primeiros cinco meses do ano

 

O Rio Grande do Sul perdeu em maio 2 mil vagas no balanço entre contratações e demissões na indústria de transformação (uma queda de 0,26% no nível de emprego no setor), ante 760 postos criados no mesmo mês do ano passado. Pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o saldo acumulado no ano segue positivo, com 18,8 mil novos empregos, mas o número é 50% menor do que o registrado no mesmo intervalo de 2011.
 
Apesar do número - o Estado foi o que mais registrou corte de empregos no mês -, por enquanto, não há cortes em massa, mas a percepção dos representantes de trabalhadores e empresários no Rio Grande do Sul é que as indústrias não estão repondo a mão de obra que é demitida ou pede afastamento por conta própria.
 
"A situação não é de catástrofe, mas começamos a sentir a queda no emprego", diz o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre, Valcir Ascari. Para o presidente do Sindicato das Indústrias Metalmecânicas e Eletroeletrônicas de Canoas, Roberto Machemer, 2012 já pode ser considerado um "ano perdido".
 
Em Caxias do Sul, um dos mais importantes polos metalmecânicos do Estado, a perda líquida de vagas na indústria chegou a 938 em maio e a 400 nos primeiros cinco meses do ano. Em Canoas, outro centro industrial relevante, o saldo ficou negativo em maio (26) e nos cinco meses (224), enquanto em Gravataí houve perda de 134 postos no mês e ganho de 287 no acumulado de janeiro a maio. Em Porto Alegre as indústrias fecharam 137 vagas em maio e abriram 128 no acumulado do ano até então.
 
Na base de ação do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias, o saldo negativo nos cinco primeiros meses de 2012 chega a 1,7 mil, ante um resultado positivo de quase 1,2 mil postos no mesmo período de 2011, diz o diretor-executivo da entidade, Odacir Conte. Segundo ele, outros 1,7 mil trabalhadores estão em regime de redução de jornada ou em férias e as demissões vão aumentar se nos próximos 60 dias não houver recuperação dos negócios. As empresas filiadas ao sindicato empregam 50 mil pessoas na cidade.
 
A avaliação de empresários e trabalhadores é que o estímulo ao crescimento baseado no consumo, como o governo vem perseguindo, tem efeito apenas de curto prazo e já se esgotou. "Quem tinha que comprar um carro ou uma geladeira nova já comprou e agora está endividado", diz o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, Ademir Bueno. As expectativas para o futuro próximo, porém, são divergentes.
 
Conte, da indústria metalúrgica de Caxias do Sul, confia em "dias melhores" a partir de outubro ou novembro, graças à esperada recuperação da indústria de veículos pesados, que caiu no início do ano por conta da transição da tecnologia de controle de emissões atmosféricas dos motores para o padrão "Euro 5". O segmento tem forte influência sobre a cadeia metalmecânica na cidade, mas mesmo assim o executivo acha difícil zerar a queda de 9% do faturamento do setor registrada até maio.
 
O presidente em exercício do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias, Leandro Velho, também procura manter o otimismo. De acordo com ele, empresas importantes do setor automotivo, como Randon e Marcopolo, estão retomando gradualmente os níveis de produção na medida em que o padrão "Euro 5" se consolida e a expectativa é que as contratações voltem ao longo do segundo semestre.
 
Em Canoas, as empresas ficaram sem preencher as vagas em aberto de abril a junho, mas a partir deste mês indústrias importantes como a Springer Carrier voltaram a contratar, diz o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos local, Flávio de Souza. A MWM International, fabricante de motores diesel, fez um acordo com o sindicato para reduzir em 20% a jornada e em 15% os salários de junho a agosto na cidade, mas a diferença será devolvida aos trabalhadores quando a produção voltar ao normal.
 
Segundo o presidente das indústrias metalúrgicas de Canoas, Roberto Machemer, a redução de jornada foi a alternativa encontrada por algumas empresas para evitar demissões. Os segmentos que mais sofrem na cidade são os de material e ferramentas elétricas e de componentes eletrônicos automotivos, que além da queda nas vendas enfrentam os importados e a alta dos insumos. Machemer diz que as empresas estão "apreensivas". Se no ano passado as 106 indústrias filiadas à entidade - que hoje empregam 10,3 mil pessoas - contrataram 1,1 mil funcionários, em 2012 o desempenho deverá fechar no vermelho. 
 
Fonte: Valor Econômico
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