O economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, disse que revisará sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano dos atuais 2,2% para algo em torno de 2,0%, mas não descarta uma taxa de 1,8%. Contudo, diz ele, a revisão da expectativa da LCA em relação ao crescimento do PIB em 2012 não será determinada pela queda da produção industrial em maio - de 0,9% na comparação com abril e de 4,3% no confronto com maio do ano passado -, mas em decorrência do recuo da taxa de produção de bens de capital.
Segundo divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de bens de capital em maio caiu 1,8% comparativamente a abril e 12,2% ante maio do ano passado, indicativo de que a indústria está reduzindo investimentos na capacidade de produção. "A PIM ( Pesquisa Industrial Mensal) não muda nossa expectativa, mas sim a queda da produção de bens de capital, que tem sido o vilão do PIB", diz Borges.
Segundo o economista da LCA, as compras governamentais de equipamentos, na prática, não têm influenciado a indústria. "A única coisa que poderá ajudar um pouco é a redução da Taxa de Juros de Longo Prazo, a TJLP." Na semana passada, essa taxa de investimento usada nos financiamentos do BNDES foi reduzida de 6,0% para 5,5%.
Para Borges, uma medida que também daria força ao setor produtivo seria a "depreciação acelerada" dos bens de capitais. Nesse caso, segundo o economista, o governo poderia criar um bônus para o empresário abater a desvalorização do seu maquinário em um ou dois anos em vez de 10 anos como é atualmente.
Isso, de acordo com o economista da LCA, aumentaria o lucro das empresas e incentivaria o empresário a antecipar as compras de máquinas. "Seria um mecanismo parecido com a redução do IPI para automóveis. Hoje, o governo não reduz IPI sobre bens de capital porque a taxa é muito baixa, em torno de 2,0%, 3,0%, enquanto a do carro é em torno de 11%", diz o economista.
Pior já passou. O pior momento da indústria deve ter ficado em maio, segundo avalia o economista sênior do Espírito Santo Investment Bank (Besi Brasil) Flávio Serrano. Assim, ele não pretende alterar sua projeção de crescimento para o PIB deste ano, que continua em 2,2%. Contudo, com os dados da indústria em maio, ele acredita que as chances de um PIB mais fraco no segundo trimestre aumentem.
"Mas precisamos esperar os dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricante de Veículos Automotores)", diz Serrano, para quem o que dá para antecipar, por enquanto, é que junho será um mês bom para o varejo ampliado, que considera vendas de veículos e materiais de construção. Para a produção industrial no ano, o Besi Brasil espera queda de 1,0%.
A economista do Banco Santander Fernanda Consorte mantém a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 em 2,2% mesmo depois do resultado ruim da produção industrial
De acordo com ela, ao vir com queda de 0,9% na margem, a atividade fabril de maio ficou dentro do intervalo de expectativas do mercado, que ia de uma queda de 1,3% a um crescimento de 1,1%, segundo apurou o AE Projeções.
"Veio tudo em linha com nossas expectativas, que via como uma das principais contribuições para a queda da atividade industrial de maio a produção de automóveis", diz a economista.
Por Francisco Carlos de Assis/O Estado de São Paulo