China diz que terras raras estão se esgotando

Reservas estariam em declínio acelerado no país responsável por 90% da oferta mundial

Após 50 anos de intensa exploração, as reservas de minerais de terras raras na China estão em declínio acelerado, diz o governo chinês. Terras raras é o nome dado a um grupo de 17 elementos químicos usados para fabricar itens variados, a maioria de alta tecnologia, como tablets e carros elétricos.

O país asiático é o principal produtor, respondendo por 90% da oferta mundial, e possui 23% das reservas. O mercado é estimado em 100 bilhões de yuans pelo governo chinês (US$ 15,7 bilhões).
 
O primeiro relatório oficial sobre o setor informa que em Baotou, região com depósitos abundantes, apenas um terço do volume original dos recursos está acessível. Divulgado na semana passada, o documento informa que a maioria das reservas está localizada em áreas montanhosas e de difícil acesso, o que vai tornar, daqui para frente, cada vez mais cara a exploração dos metais.
 
A China aponta a mineração ilegal como uma das razões para o declínio das reservas, mas justifica a falta de fiscalização pela grande quantidade de minas espalhadas pelo país, o que torna o trabalho "difícil e custoso".
 
A mineração ilegal, acrescenta o governo, se refletiu em baixas taxas de recuperação das reservas atuais.
 
Diretamente ligado à exploração ilegal, o contrabando é outro problema chinês. Informações colhidas com os principais clientes da China mostram que as importações das terras raras chinesas superaram as exportações cadastradas pelo departamento chinês de comércio exterior nos últimos anos.
 
De 2006 a 2008, o volume de produtos de terras raras comprado da China foi 35%, 59% e 36% maiores do que o exportado, respectivamente.
 
Reação
A possível escassez dos elementos de terras raras é uma das razões para a restrição das exportações pela China no ano passado. O episódio levou EUA, União Europeia e Japão a mover ação conjunta contra a China na Organização Mundial do Comércio.
 
O governo rebate a acusação de protecionismo. "A China dá atenção para os mercados interno e externo, e segue uma estratégia de ganha-ganha que garante o abastecimento a todos", diz.
 
Brasil, EUA, Índia e Austrália, entre outros, também têm reservas de terras raras.
Para tudo que a área de manufatura da GM Brasil teve de fazer nos últimos dois anos, Pinheiro resume com uma frase de quatro palavras: “Isso deu muito trabalho.”
 
Por Tatiana Freitas/Folha de São Paulo

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