A indústria brasileira está menos disposta a realizar investimentos para expandir a capacidade produtiva este ano, de acordo com pesquisa divulgada hoje pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O estudo mostra que cresceu a parcela das empresas do setor que não têm qualquer plano de aporte em capital fixo neste ano e daquelas que encontram dificuldades para investir, apesar das medidas de estímulo anunciadas pelo governo nos últimos meses.
A Sondagem Trimestral de Investimentos da Indústria foi realizada entre 879 empresas no país, com total de vendas de R$ 530,7 bilhões e 1,03 milhão de empregados. O levantamento ocorreu entre 4 de abril e 29 de maio.
De acordo com a Sondagem, a proporção de empresas que afirmaram estar sem programa de investimentos avançou de 16% para 19% do total entre 2011 e 2012. É o maior percentual desde 2009, ano em que a crise internacional se agravou. À época, 26% disseram não ter intenção de fazer aportes em capital fixo.
Entre as empresas que pretendem fazer investimentos em 2012, 30% citaram a expansão da capacidade produtiva como motivação, percentual abaixo dos 40% de 2010 e dos 36% de 2011. “O resultado sinaliza a diminuição gradual do investimento em capital fixo nos dois últimos anos”, comenta a FGV no relatório da pesquisa. Esses investimentos abrangem, segundo a entidade, aportes em máquinas e equipamentos, veículos, novas construções ou melhoria de instalações.
Ainda no universo das indústrias dispostas a investir, o principal motivo apontado foi o aumento da eficiência produtiva, citado por 35% das companhias pesquisadas, proporção superior aos 33% apurados em 2011.
Dificuldades
A Sondagem da FGV também mostrou ter piorado a percepção da indústria em relação ao ambiente para a realização de investimentos em capital fixo. O percentual daquelas que disseram ter encontrado algum tipo de dificuldade aumentou de 33% em 2011 para 43% em 2012. O resultado, contudo, ainda ficou bem abaixo do apurado em 2009, quando 87% das empresas encontravam entraves para a realização de investimentos.
A dificuldade mais citada foi a limitação de recursos, mencionada por 46% do total, ante 34% em 2011. Trata-se da maior proporção desde o início da série histórica da FGV, em 2004.
O segundo fator mais citado como entrave ao investimento foi a elevada carga tributária, apontada por 35%. Aqui, no entanto, houve uma evolução. Em 2011, 42% citaram esse quesito como limitador do investimento. As incertezas quanto à demanda vieram em terceiro lugar, ao passar de 19% para 34% entre o ano passado e este.
O custo dos financiamentos foi citado por 26% das empresas, proporção inferior aos 33% de 2011. A taxa de retorno inadequada foi apontada por 22%, ante 19% no ano passado, e a maior proporção da série histórica.