Fonte: O Estado de S. Paulo - 30/05/07
O Japão retomou nesta quinta-feira, 24, a iniciativa da luta contra o aquecimento global e propôs reduzir à metade as emissões mundiais dos gases do efeito estufa até 2050, dentro de um plano para estender o Protocolo de Kyoto.
A proposta, chamada "Esfriar a Terra 50", põe de novo o Japão como referência internacional na defesa do meio ambiente e ultrapassa a Europa na corrida pela liderança no ecologismo mundial na era pós-Kyoto, a partir de 2012. O tratado, criado em 1997, deve terminar em cinco anos.
A proposta japonesa, apresentada pelo primeiro-ministro Shinzo Abe durante um encontro de países asiáticos nesta quinta-feira, 24, tem como principal objetivo reduzir as atuais emissões de gases do efeito estufa à metade pelos próximo 43 anos, até que a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera baixe a níveis toleráveis.
O país também está disposto a criar um mecanismo financeiro com fundos japoneses "substanciais" para ajudar os países em desenvolvimento a cumprir a redução das emissões.
Atualmente está em vigor o Protocolo de Kyoto, um tratado internacional que o próprio governo japonês considera "um primeiro passo para a redução do efeito estufa, embora com limitações" causadas pela falta consenso sobre sua aplicação.
Ecológico
O Japão, considerado um doas países mais ecologicamente corretos do planeta, toma a frente na disputa com os membros da União Européia (UE) para liderar a campanha de luta contra o aquecimento.
Os países europeus, encabeçados pela Alemanha, previam apresentar sua proposta pós-Kyoto durante o encontro do G8 prevista para junho, com um objetivo similar ao japonês, que é cortar 50% das emissões de todo o planeta, porém, os parâmetros de poluição são de 1990.
O programa "Esfriar a Terra 50" pretende estabelecer por consenso, e não por imposição, um sistema "flexível e diversificado para que cada país seja capaz de otimizar seus esforços para reduzir a poluição", explicou Abe.
Com este método individualizado, o governo do Japão espera conseguir apoio tanto de países industrializados como em desenvolvimento, e assim trará para o projeto as nações que não ratificaram o Protocolo de Kyoto, como os Estados Unidos, China e Índia.
Apoio
A agência local Kyodo informou nesta quinta-feira, 24, que Abe conseguiu o apoio da China e dos EUA depois de reuniões em abril com o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, e o presidente americano, George W. Bush.
De fato, Bush se mostrou partidário de criar um marco internacional que inclua as economias emergentes para buscar um consenso sobre a redução das emissões de gases.
Segundo Abe, a chave para que a estratégia japonesa tenha êxito é que "cada país tome as medidas oportunas para lutar contra o aquecimento global de acordo com suas responsabilidades e capacidades".
O primeiro-ministro do Japão alegou que o plano é compatível com o crescimento econômico, embora falte desenvolver uma tecnologia "que ainda não existe" mediante cooperação internacional, para criar "uma sociedade com pouco carbono".
Alternativas
A ambiciosa proposta japonesa insiste na necessidade de aperfeiçoar os sistemas de aproveitamento da energia solar, colocar no mercado veículos menos poluentes e aumentar o uso da energia nuclear, considerada pelo Executivo japonês como "segura e de confiança" nas aplicações pacíficas.
O governo do Japão acredita que a proposta "dará frutos" na cúpula do G8 que acontecerá em Toyako, na ilha de Hokkaido (norte do Japão), em julho de 2008.
Sobre a proposta que será apresentada pelos membros da UE no próximo mês, o diretor-geral de Assuntos Globais do Ministério de Exteriores do Japão, Koji Tsuruoka, disse hoje em entrevista coletiva não saber detalhes, mas que a "visão (das propostas) pode ser compartilhada".
No entanto, Abe apostou em exportar o "modelo japonês" ao resto do mundo, no qual se combina "tradição e tecnologia ponta para criar uma sociedade em harmonia com o meio ambiente".
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