O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) divulgou ontem que a perspectiva de investimento para a indústria no período 2012-2015 é de R$ 597 bilhões. Os setores em que os recursos serão aportados são de petróleo e gás, extrativa mineral, têxtil e confecção, papel e celulose, química, siderurgia, eletroeletrônica, automotivo, indústria aeronáutica e Complexo Industrial e Saúde (CIS).
Durante a coletiva de imprensa para a divulgação do total de desembolsos do primeiro trimestre do ano, o presidente da instituição, Luciano Coutinho, afirmou que "estamos antevendo uma recuperação dos planos de investimento na indústria e uma firme continuidade nos investimentos em infraestrutura". O volume é superior ao investimento estimado pelo banco no período 2007-2010, de R$ 461 bilhões. O setor de petróleo e gás vai puxar os aportes com R$ 354 bilhões de crédito, contra R$ 238 bilhões entre 2007 e 2010. Setores de extrativismo mineral (R$ 58 bilhões) e automotivo (R$ 56 bilhões) virão em seguida na lista de maiores investimentos, segundo o BNDES.
O total de desembolsos nos primeiros três meses de 2012 atingiu R$ 24,5 bilhões no primeiro trimestre deste ano, o que representa um recuou de 2% na comparação com o mesmo período do ano passado, já que de janeiro a março de 2011, o banco liberou R$ 24,9 bilhões. Apenas no mês de março o BNDES liberou R$ 9,320 bilhões. No acumulado de 12 meses foram R$ 138,494 bilhões desembolsados.
As aprovações chegaram a R$ 25,458 bilhões no trimestre, montante que representa uma queda de 34% sobre igual período de 2012. Já as consultas somaram R$ 55,712 bilhões, uma alta de 37% em relação ao primeiro trimestre de 2011. Para a professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Cristina Helena Pinto de Mello "a queda pode sugerir uma retração de expectativas e um receio do empresariado de fazer novos investimentos".
Apesar da baixa, a instituição divulgou que "as consultas e os enquadramentos de projetos no Banco cresceram significativamente. No período o BNDES recebeu consultas de um total de R$ 55,7 bilhões, com expansão de 37% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. Também os enquadramentos de projetos, de R$ 48,3 bilhões, aumentaram 28%". Sobre o aumento da consulta o presidente do banco disse que "estamos em um processo de superação das expectativas menos otimistas em relação à economia brasileira", disse. Os números relativos ao primeiro trimestre, segundo sua avaliação, ainda não refletem, no entanto, a segunda rodada do Plano Brasil Maior, lançado pelo governo federal para dar mais competitividade ao País.
Coutinho afirmou que o Brasil Maior deve reforçar a tendência de retomada dos planos de investimento no futuro. Para ele, o resultado dos desembolsos, ainda reflete um momento anterior. A professora da ESPM discorda da visão do presidente de que um aumento do número de consultas pode significar uma superação do pessimismo econômico, "é difícil de saber em que medida essas consultadas resultam efetivamente em tomadores de crédito", completou ela.
A indústria recebeu R$ 6,360 bilhões do banco no período, que representam uma participação de 26% do total liberado pelo BNDES. O setor de infraestrutura recebeu um total de R$ 9,949 bilhões, fatia de 41% dos financiamentos do banco. O crédito para o setor de Comércio e Serviços somou R$ 5,958 bilhões, a Agropecuária recebeu R$ 2,220 bilhões.
A instituição não tem planos de reduzir a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), mesmo com as últimas quedas na taxa básica de juros (Selic). A TJLP está em 6% desde julho de 2009. O presidente disse que a instituição só voltará a avaliar uma redução da TJLP quando a inflação cair abaixo de 4% ao ano.
Acumulado do ano
Coutinho reafirmou que o volume de recursos liberados neste ano deverá ficar entre R$ 145 bilhões e R$ 150 bilhões. Para ele, o total de financiamentos previsto dependerá da velocidade com que as medidas de estímulo promovidas pelo governo surtirão efeito sobre o investimento.
"Se esse investimento for retomado mais cedo estaremos mais perto dos R$ 150 bilhões".
Segundo o presidente, os setores de óleo e gás, infraestrutura e construção civil devem puxar a recuperação do investimento. "Mas o determinante será o programa de estímulos ao investimento", completou ele.
Os setores de energia e logística deverão ficar com R$ 24,5 bilhões, na estimativa do superintendente de Infraestrutura e Insumos Básicos do banco, Nelson Siffert. Para 2013, a estimativa do BNDES é de R$ 31 bilhões para os dois setores, volume que representa uma alta de 26% sobre a previsão para 2012.
Segundo o presidente, as políticas públicas terão papel fundamental na recuperação de investimentos de setores-chave como petróleo e gás, energia, infraestrutura e construção. Ele afirmou ainda, que "faremos o possível para alcançar um crescimento de 4% do Produto Interno Bruto [PIB], puxado pelo investimento".