A Mangels, maior fornecedora de rodas de liga leve de alumínio para montadoras instaladas no país, está vivendo um "momento emergencial de reversão de resultados". Depois de amargar prejuízo líquido de R$ 32,6 milhões em 2011, ano em que as finanças da companhia foram duramente afetadas por eventos tão diversos quanto um terremoto no Japão, enchentes na Tailândia e a forte retração no consumo nacional de produtos siderúrgicos no segundo semestre, a Mangels apertou ainda mais o cinto e seguirá cortando investimentos. De R$ 50,6 milhões aportados na operação em 2010, o orçamento caiu a R$ 37,9 milhões no ano passado e mostrará nova baixa em 2012, de cerca de 40%, de acordo com o presidente e controlador da companhia, Robert Max Mangels.
Filho e sobrinho dos fundadores da companhia, que tem quatro diferentes áreas de negócios, Bob, como é mais conhecido, admite que os resultados ao longo dos últimos anos não têm sido satisfatórios. "Ao longo dos anos, venho insatisfeito com os resultados da empresa. Estão abaixo do ideal", afirma. "Desde 2008, iniciamos mudanças na empresa e agora entramos em uma nova fase de ajuste".
Naquele ano, foram implementadas mudanças no conselho administrativo da companhia e, pouco mais adiante, a Mangels começou a falar em planos de internacionalização. A intenção de ter uma fábrica no México acabou adiada - embora ainda permaneça no radar -, mas a companhia estabeleceu como meta chegar a 2015 com o dobro do tamanho que tinha em 2010. No ano passado, ainda com os resultados abaixo do que é considerado ideal, a Mangels demitiu mais de 400 funcionários, eliminou do portfólio produtos com baixa rentabilidade, ajustou a capacidade produtiva e contratou um novo diretor de Finanças, John Sam Koutras.
No começo deste ano, a companhia anunciou a chegada do executivo Ivan Sartori Filho à diretoria de operações, com o objetivo de restabelecer as margens operacionais. Conforme Bob, a meta para 2015 está mantida, mas serão necessários novos esforços de reestruturação para que seja atingida. Na primeira fase da nova rodada de reestruturação, já em curso, a companhia estava focada em resultados, via aumento de receitas e redução de custos. Daí o corte significativo nos investimentos. "Vamos, dessa forma, garantir melhor posição de caixa e ocupação da capacidade já existente", explica.
Num segundo momento, entre o fim de 2012 e o início de 2013, a companhia voltará seus esforços à melhoria de processos e produtividade. Entre 2013 e 2014, quando deve se encerrar essa etapa, a Mangels voltará a se concentrar em estratégias de crescimento e planos de internacionalização. "2012 ainda será um ano mais difícil, mas vamos buscar o aumento de nossas exportações de US$ 18 milhões (no ano passado) para mais de US$ 25 milhões e a melhora de nosso faturamento", afirma.
No ano passado, a receita líquida da Mangels totalizou R$ 722,9 milhões, uma queda de 7,7% ante o registrado em 2010. Na mesma base de comparação, o lucro operacional da companhia recuou 94,6%, para R$ 2,8 milhões. Pesaram sobre os resultados da companhia, além de fatores operacionais, encargos de R$ 10 milhões referentes à dispensa de funcionários, despesas financeiras relativas à variação cambial e o estorno de R$ 10,2 milhões referentes a crédito de IPI, que foram reconhecidos no resultado de 2010.
Operacionalmente, o negócio de rodas, um dos dois maiores da companhia, foi prejudicado pelo terremoto no Japão e enchentes na Tailândia - que afetaram o nível de produção de montadoras que compram rodas da Mangels - e pela fraca evolução da produção de automóveis no Brasil. No segmento de aços, também relevante para o resultado consolidado da companhia, a queda de 4,2% no consumo nacional de produtos siderúrgicos teve impacto direto. A divisão de cilindros de GLP não favoreceu o resultado consolidado, uma vez que as distribuidoras de gás "ainda não atingiram ritmo normal de compras de botijões novos". "Estamos fortemente engajados na mudança de cultura da companhia, passando de resultados fracos para alto desempenho", reitera o presidente.