Centrais pedem mais conteúdo nacional em peças

Dirigentes das seis principais centrais sindicais do país propuseram ontem ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que o setor automotivo eleve o chamado conteúdo local das partes e peças nacionais usadas na produção de veículos. O presidente da Força Sindical, deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, defende a elevação, de 8% para 21%, no índice atualmente em vigor. "Estamos questionando a nacionalização de peças porque o setor automotivo hoje tem 8% de exigência. Nós queremos aumentar esse número. Nossa proposta é que o conteúdo local chegue a 21%", afirmou. O governo, segundo o sindicalista, aceitou negociar a reivindicação das centrais sindicais. Mas, para ele, esse é um processo "lento".

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, explicou que, no cálculo de conteúdo nacional "como um todo", pode ser considerado até o gasto com publicidade no país. "Não queremos apenas ser apertador de parafuso e montador de peça. Queremos discutir projetos de política industrial", disse.

Os sindicalistas também pediram a Mantega a desoneração do Imposto de Renda no cálculo da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Segundo Paulinho, a medida resultaria em R$ 1,8 bilhão de renúncia fiscal aos cofres da Receita. Em resposta, Mantega informou que a renúncia total chegaria a R$ 5 bilhões. O presidente da CUT, Artur Henrique, afirmou, no fim da reunião, que o ministro da Fazenda se comprometeu com as seis centrais sindicais a discutir novamente o assunto num prazo de 15 dias.

Antes do encontro, pela manhã, metalúrgicos da região do ABC paulista e trabalhadores de diversas categorias realizaram uma manifestação na Via Anchieta pedindo a desoneração do imposto. Os manifestantes iniciaram a passeata na porta da fábrica da montadora Mercedes-Benz e entraram na Via Anchieta por volta das 9h30. O ato faz parte de uma série que começou no ano passado, fruto de parceria entre os sindicatos dos trabalhadores bancários de São Paulo, químicos e metalúrgicos de São Paulo e do ABC, eletricitários de São Paulo e a Federação Única dos Petroleiros (FUP).

De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, o evento reuniu cerca de 20 mil pessoas, entre trabalhadores das montadoras Ford e Mercedes-Benz, além de representantes do próprio sindicato da categoria, da CUT e dos sindicatos dos químicos e dos petroleiros, além de representantes de metalúrgicos do interior, associados também à CUT. Já a Polícia Militar estima que 6,5 mil pessoas estiveram presentes ao ato.

A Via Anchieta chegou a ser bloqueada do km 14 ao km 18. A Ecovias, responsável pela rodovia, instalou um desvio entre os km 12 e 13 para que os motoristas deixassem a pista marginal e seguissem pela central.

A PLR também foi discutida ontem pelos trabalhadores paranaenses. O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) informou que os lucros das montadoras instaladas no Estado "vão balizar" as negociações salariais e da PLR. "Vamos buscar a equiparação salarial e de PLR no mesmo patamar da lucratividade das empresas", disse o presidente do sindicato, Sérgio Butka.


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