Randon já importa boa parte do aço que utiliza em suas linhas

A fabricante de implementos rodoviários Randon aposta no crescimento da construção civil e da mineração em 2012 para alavancar seus negócios. O foco ficará na fabricação de caminhões fora de estrada (usados no setor de mineração) e equipamentos da chamada linha amarela, como escavadeiras. Mas para acelerar seus planos a empresa, além de investir R$ 400 milhões em ampliação da capacidade, tenta driblar o preço do aço na indústria nacional. Por isso, boa parte dos US$ 150 milhões em importações previstas para este ano pela Randon deve ser de aço.

"No Brasil, o preço da chapa de aço é bem mais alto que no exterior. Se produzirmos 100% dessa linha no País, o nosso produto ficaria mais caro que dos concorrentes", afirmou ontem o diretor vice-presidente de operações da Randon, Erino Tonon. De acordo com o executivo, as chapas de aço são mais baratas na Itália que nos países vizinhos. "Esperamos que essa situação se reverta e lamentamos a perda da competitividade da siderurgia nacional", diz.

Conforme dados do Instituto Nacional de Distribuidores de Aço (Inda), no ano passado as usinas nacionais deixaram de entregar 5 milhões de toneladas de aço, e entre 2007 e 2011, a importação indireta de aço cresceu 113,6%. Os setores de máquinas e equipamentos e automotivo (autopeças/automobilístico) são os que mais utilizam o aço indireto.

A previsão da Randon é de que, nos próximos cinco anos, todas as linhas do grupo - que incluem reboques e semirreboques, câmaras frigoríficas, vagões e autopeças - dobrem o tamanho. Para o segmento de veículos - que inclui os equipamentos para construção civil - deve triplicar. O diretor corporativo e de relações com investidores da Randon, Astor Schmitt, destaca que, nos últimos anos, a empresa tem crescido, em média, em torno de 15% ao ano.

Em 2011, produziu 216,2 mil caminhões, 13,9% a mais que em 2010; 47,5 mil chassis de ônibus, alta de 17,4% na mesma base de comparação, e 64,7 mil veículos rebocados, incremento de 1,5% ante 2010. A receita bruta foi de R$ 6,4 bilhões em 2011, alta de 14,1% ante o ano anterior. Já a receita líquida cresceu 11,8%, totalizando R$ 4,2 bilhões. Os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) alcançaram R$ 556,7 milhões em 2011, alta de 7,9%.

No quarto trimestre, porém, o lucro líquido foi de R$ 50,2 milhões, queda de 37,3% comparado com igual período de 2010. "O resultado se deve à diminuição do financiamento do governo para implementos de 100% para 70%, além da manutenção da demanda no segmento e em autopeças", diz Schmitt.

Diante do arrefecimento do mercado de implementos rodoviários, a empresa de Caxias do Sul decidiu ampliar a participação das exportações no faturamento para 20%. A perspectiva é que as vendas externas saltem de US$ 294,4 milhões, em 2011, para US$ 330 milhões, neste ano. Para tanto, o foco deve ser a América do Sul, o Nafta (bloco que compreende aos Estados Unidos, Canadá e México) e a África, onde a companhia já está apostando as suas fichas. "O continente africano está crescendo muito. O mercado externo tem apresentado boas oportunidades para nós", afirmou o diretor-presidente da Randon, David Randon. A empresa dobrou a produção na planta da Argentina e incrementou a fabricação na Fras-le, no Alabama (EUA).


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