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A empresa ThyssenKrupp pode anunciar em sua assembleia-geral, hoje, em Bochum, na Alemanha, o plano de venda das unidades de produção do Brasil, a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), e dos Estados Unidos, a Steel America. Segundo a revista alemã "Manager", um banco ligado à empresa teria revelado os planos de venda. A Vale, que já detém cerca de 25% da CSA, que fica em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, é vista como uma possível compradora.
Procurado pelo Globo, um porta-voz da empresa, que já estava em Bochum para preparar a assembleia, disse que não comentaria especulações, principalmente as que partiam de um banco. Ele afirmou que os planos da empresa para 2012, no que se refere à siderúrgica brasileira, deveriam ser anunciados pelo presidente do grupo, Heinrich Hiesinger, na assembleia anual.
Já a Vale informou que não comentaria "rumores do mercado". A CSA também se negou a comentar, alegando que o assunto deve ser tratado pela Thyssen na Alemanha.
Presidente defende venda de setores que geram prejuízo
Desde que assumiu a presidência da ThyssenKrupp, em janeiro do ano passado, Hiesinger vem defendendo planos de se desfazer de setores que contribuíram para que o tradicional grupo empresarial tivesse um prejuízo líquido de 1,8 bilhão no ano fiscal de 2010 e 2011. Sobretudo a CSA, cujos custos explodiram de 1,3 bilhão para 5,2 bilhões, é avaliada por Hiesinger como um investimento errado.
Com capacidade para cinco milhões de toneladas de placas por ano, a CSA teve problemas com a construção da coqueria, feita pela empresa chinesa Citic, onde ainda hoje há questões técnicas, mas também em consequência da crise econômica mundial. Com a redução da demanda por aço nos Estados Unidos, a CSA, que produz as placas de aço para serem acabadas nos Estados Unidos, não pode produzir a pleno vapor.
Segundo Erwin Schneider, porta-voz da ThyssenKrupp, um grande problema da CSA é o real forte, assim como os altos custos da matéria-prima (minério de ferro). Mas a siderúrgica brasileira poderá ter um desempenho melhor do que os atuais 70% da sua capacidade quando forem resolvidos os problemas técnicos.
Ekkerhard Schulz, que trabalhou para a ThyssenKrupp por mais de 40 anos, defendeu os investimentos no Brasil, decisão que tomou contra parte da diretoria. Acusado de ter sido responsável pelos prejuízos, ele argumentou que a CSA é um investimento que trará retorno no futuro.
"Dentro de dois ou três anos, quando a conjuntura internacional melhorar, o investimento será visto como uma decisão acertada", afirmou Schulz.
Hiesinger, que já antecipou que "2012 não será um ano fácil", deverá apontar hoje, no seu discurso para os acionistas, outras medidas para que a ThyssenKrupp volte a ter lucros: a venda do setor de aço inoxidável e o fortalecimento do setor de produção de elevadores e embarcações militares. Os planos são de mais diversificação do portfólio.
Passivo ambiental não causou atrasos, diz empresa
A CSA negou que as questões ambientais que enfrenta no Brasil tenham relação "com os ajustes feitos no cronograma das obras", ou seja, os atrasos. De acordo com a empresa, os ajustes ocorreram "em função da crise econômica mundial que teve início em 2008".
A empresa já foi multada duas vezes pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), por ter provocado poluição no ar com resíduos de suas operações. Enfrenta ainda uma ação do Ministério Público que busca proibir a empresa de despejar ferro gusa (subproduto do aço) em poços ao ar livre.
A primeira punição, de R$1,8 milhão, foi emitida em 23 de agosto de 2010. O Inea argumentou, à época, que dois erros de projeto na linha de produção de ferro-gusa provocaram o lançamento de partículas nocivas no ar. Como a empresa não notificou o instituto para que providências fossem tomadas a fim de minimizar o acidente, recebeu a multa.
Menos de cinco meses depois, em 6 de janeiro do ano passado, o Inea puniu novamente a empresa, desta vez em R$2,8 milhões, e exigiu ainda R$14 milhões em compensações, como obras de infraestrutura.
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