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Durante uma semana, em março de 2012, um grupo de cerca de 100 estudantes brasileiros e estrangeiros terá contato direto, em São Carlos (SP), com alguns dos especialistas mais consagrados do mundo na área de engenharia e ciências dos materiais.
Com o objetivo de apresentar um panorama completo dos avanços científicos e tecnológicos mais recentes na área, a First São Carlos School of Advanced Studies in Materials Science and Engineering (SanCAS-MSE) (Primeira Escola São Carlos de Estudos Avançados em Engenharia e Ciências dos Materiais) será realizada entre os dias 25 e 31 de março de 2012.
O evento, realizado no âmbito da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), será organizado pelo Departamento de Engenharia e Ciências dos Materiais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). A coordenação é dos professores Edgar Zanotto, Elias Hage Jr. e Walter Botta Filho.
De acordo com Zanotto, as inscrições para a escola estarão abertas até o dia 23 de dezembro e os 100 participantes serão selecionados a partir de uma carta de apresentação e currículo. O evento está sendo amplamente divulgado no Brasil e no exterior.
“A Escola tratará dos últimos avanços do conhecimento sobre o processamento, propriedades e aplicações de materiais cerâmicos, vítreos, metálicos, polímeros e compósitos. Teremos a participação de 10 professores, sendo um brasileiro e um estrangeiro para cada um desses cinco tópicos”, disse Zanotto à Agência Fapesp.
Segundo Zanotto, a programação será intensa, preenchendo toda a semana com aulas expositivas, com algumas tardes dedicadas a aulas práticas. Todos os professores que apresentarão as conferências da ESPCA, de acordo com ele, têm no mínimo 25 anos de experiência em suas respectivas áreas de atuação.
“Todos são pesquisadores de primeira linha, mas tomamos o cuidado de escolher professores que se destacam pela boa didática. Esse cruzamento de formações deverá trazer muita qualidade à escola”, declarou.
O papel fundamental dos engenheiros e pesquisadores que trabalham com ciências dos materiais, segundo Zanotto, é encontrar novas alternativas de materiais mais eficientes, mais baratos, mais leves, mais resistentes e, principalmente, que sejam recicláveis.
“Na escola, o objetivo central é que os participantes compreendam qual é o futuro de cada uma das áreas relacionadas às ciências de materiais, identificando os campos em aberto e vislumbrando as perspectivas mais promissoras de pesquisa”, disse.
Outro objetivo da escola, de acordo com Zanotto, é abrir perspectivas de interação entre os palestrantes, os estudantes brasileiros e os estudantes de outros países. “Queremos atrair os estudantes estrangeiros para que façam pós-doutorado no Brasil. Certamente alguns dos participantes ficarão interessados em atuar em um país que mostra boa estrutura de pesquisa e bolsas atrativas. Queremos também que, ao voltarem para seus países de origem, esses estudantes sirvam como embaixadores da ciência brasileira e ajudem a atrair outros pesquisadores”, declarou.
Segundo Zanotto, a área de ciências de materiais se destaca pela ampla interface com inúmeras áreas do conhecimento. “Não é à toa que a área de ciências dos materiais está presente em praticamente todos os encontros sobre inovação. Os novos materiais são usados em tecnologias de telecomunicações, biotecnologia, construção civil, mecânica, eletrônica, fontes renováveis de energia e muitos outros segmentos importantes tanto do ponto de vista científico como da perspectiva da economia”, afirmou.
Por conta dessa característica, as ciências de materiais são profundamente interdisciplinares e multidisciplinares, de acordo com Zanotto. “O desenvolvimento, o teste e a aplicação de novos materiais envolve conhecimentos de química, física, engenharia, computação e até biologia, no caso de materiais para usos médicos e odontológicos, por exemplo. Estamos sempre em contato estreito com outras áreas”, disse Zanotto, que é formado em engenharia e física.
As ciências de materiais deram um salto no Brasil nas últimas décadas, de acordo com Zanotto. Há 35 anos estou atuando na área de materiais vítreos, Zanotto realizou um levantamento sobre as pesquisas feitas no Brasil em sua área durante todo esse período. “No início, apenas dois pesquisadores publicavam meia dúzia de artigos anualmente em revistas internacionais. Hoje, o Brasil é responsável por cerca de 2% do numero total de artigos mundiais nessa área, com várias centenas de artigos por ano”, declarou.
Nos últimos 35 anos, todos os congressos internacionais na área de materiais vítreos foram organizados no Brasil pelo menos uma vez. No Congresso da Sociedade Norte-Americana de Cerâmica, que será realizado em Saint Louis (Estados Unidos) em maio de 2012, o Brasil é o quinto país com mais trabalhos submetidos, atrás apenas de Estados Unidos, França, Alemanha e Japão. O congresso terá participação de mais de 20 países.
“Meus colegas que trabalham nas outras áreas de ciências de materiais relatam o mesmo fenômeno: o Brasil ainda não é um líder mundial em cada uma das subáreas, mas está em ascensão e hoje tem uma presença internacional notável”, disse.
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