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O ritmo de produção industrial no Brasil caiu 6,3 pontos em setembro, segundo a última pesquisa de sondagem industrial divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ficou em 48,6 pontos, em uma escala que varia de 0 a 100, ante 54,9 no mês anterior. Foi o pior desempenho desde junho, quando o nível de produção fechou em 48,1 pontos. O volume de estoque permanece alto, com 50,9 pontos, quase um ponto acima do verificado em janeiro; mesmo assim, a confiança do consumidor cresceu 0,5 ponto em outubro, de acordo com a pesquisa CNI.
São números que ainda não preocupam, mas já sinalizam que a luz amarela começa a piscar sobre a economia brasileira, segundo o economista, professor e consultor de empresas Otto Nogami. “Apesar da confiança do consumidor continuar positiva, os empresários já sentem os efeitos da falta de demanda. Este cenário, com estoques elevados, pode levar a uma queda na atividade produtiva. O impacto na indústria é direto”, disse ele na quinta-feira, 27, durante palestra à Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei),
De fato, os empresários ouvidos pela CNI já demonstram preocupação com a falta de demanda: para 26,2% das grandes e 24% das pequenas empresas este é um dos principais problemas enfrentados no último trimestre. “O Banco Central quer aquecer o mercado aumentando a liquidez, mas os bancos estão receosos em emprestar diante do cenário incerto, e preferem continuar aplicando seus recursos nos títulos do Governo, que pagam a taxa Selic e são garantidos”, comenta Nogami. O nível de emprego ainda não foi atingido, mas, para o economista, a tendência é que as empresas façam ajuste de estoque diminuindo a atividade, com impacto sobre o emprego.
Desindustrialização exige investimento - De acordo com o economista, a desindustrialização é um fenômeno explicado pelo câmbio baixo, que aprecia o Real e estimula a importação, tirando a competitividade da indústria. Para interromper este ciclo, o país tem que investir na ampliação da capacidade de produção e infraestrutura (logística industrial, telefonia, energia, água etc) e investir nestes segmentos passa necessariamente pela importação de bens de capital e de meios de produção. “Não dá para manter a indústria competitiva sem investir em máquinas com tecnologia”, afirma Nogami.
Segundo ele, a indústria de bens de capital tende a crescer nos próximos 2 anos, porque está diretamente relacionada à necessidade de ampliar a capacidade de produção. Os modelos matemáticos demonstram que o segmento de média e alta tecnologia tende a crescer com 40% de certeza. Para o setor de ferrovia e materiais de transporte, a tendência de crescimento é muito elevada, enquanto os setores de máquinas e equipamentos mecânicos, veículos automotores, reboques e semirreboques, máquinas e equipamentos elétricos tendem à baixa até 2013.
Historicamente, a cada 1% de crescimento do PIB a importação de bens de capital cresce 0,97% e sobe 1,3% a cada 1% de aumento na produção doméstica de bens de capital. “Identifica-se uma dependência do setor à importação”, explica Otto Nogami. Para 2012, o professor e economista, com especialização na Harvard Business School, comentou que, segundo o relatório Focus do Banco Central, o PIB brasileiro irá crescer 3,5% (ante 3,3% em 2011), a produção industrial subirá de 2% para 3,9% e o IPCA recuará de 6,5% para 5,6%. O câmbio deve oscilar em torno de 1,75 R$ por dólar e a taxa de juros cai para 10,50%. O problema é a nossa conta corrente, cujo déficit aumentará de US$ 55,10 bilhões para US$ 68,31 bilhões: “Se o capital especulativo for embora, teremos sérios problemas”, afirma.
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