Laboratórios da UFMG estudarão emissão de poluentes

Infraestrutura considerada única no país, destinada à formação, pesquisa e prestação de serviço em tecnologia da mobilidade, começa a ganhar contornos finais na UFMG. Sob a estrutura de rede, o espaço, conhecido como Centro de Tecnologia da Mobilidade (CTM), vai inaugurar novos laboratórios, a partir desta terça, 1º de novembro, bancados pela Petrobras, ao custo de R$ 5 milhões.

Especializados em ensaio de motores e veículos para desenvolvimento de combustíveis e em análise e modelagem de combustíveis e combustão, os dois laboratórios devem ampliar o fôlego do CTM em suas investigações sobre mobilidade, com o olhar voltado para a redução do consumo de energia e da emissão de poluentes.

“O Centro será o único no Brasil a ter todo o ciclo de estudos integrados do combustível: da fabricação à aplicação no veículo, verificando emissões e influências no desempenho do motor”, sintetiza Eduardo Mautone, professor do Departamento de Engenharia Mecânica e coordenador de um dos laboratórios do CTM. Segundo o pesquisador, espaços similares instalados no país têm estrutura segmentada, fazendo ora teste de motores, ora de combustíveis ou relacionados a outros problemas específicos dos veículos.

O diferencial da rede montada no Departamento de Engenharia Mecânica da UFMG, que traz vantagens para empresas e a academia, começou a ser delineado ainda na década de 1990.

Em 2008, ocorreu o lançamento oficial do CTM. Atualmente, está projetado para agregar 12 laboratórios com equipamentos de ponta, trabalhando em rede e especializados em mobilidade relacionada a veículos terrestres, aéreos e fluviais.

A previsão é que toda a infraestrutura necessária à pesquisa nessa rede seja concluída em dezembro de 2012. Até lá, terão sido investidos R$ 15 milhões, dos quais R$ 12,4 milhões provenientes da Petrobras. Segundo avaliação de seu coordenador, professor Ramon Molina, com a melhoria da competência instalada, o CTM deve abrir oportunidades estratégicas no desenvolvimento de tecnologias. Uma delas é a pesquisa sobre combustíveis brasileiros e suas misturas.

“Queremos estudar suas propriedades de combustão, passo importante para construir motores específicos”, pontua o coordenador. O problema não é simples. Apesar de serem comercializados há décadas, combustíveis nacionais, como o etanol, ainda não têm suas propriedades mapeadas pela indústria, exceto as físico-químicas. De acordo com Molina, o fato se deve ao uso desse combustíveis apenas no país e ao valor elevado de investimento em pesquisa. “O desconhecimento travou o desenvolvimento de motores para esses combustíveis”, diz o professor.

Abrangências
Parte do grupo do CTM já se dedica a diversas pesquisas, demandadas por empresas ou de cunho acadêmico. Problemas de funcionamento de motor de injeção direta, postos por fabricante multinacional de automóveis, já estão sendo avaliados por pesquisadores. Outro desafio são as interações do motor elétrico com o de combustão interna, proposto pela Vale. Segundo Ramon Molina, a empresa é uma das financiadoras do CTM, por meio da Rede Vale-Fapemig, com injeção de R$ 2 milhões. A melhoria da infraestrutura também contou com investimentos da Cemig, Fapemig, Feam-PBH e do Campus 2000 da UFMG.

Considerada relevante para o projeto, essa atração de investimentos em prestação de serviços ou consultoria tem outra face de interesse mais acadêmico, na avaliação de Molina. “O nosso negócio é pesquisa. Queremos prestar serviço em pesquisa, mas também receber investimentos em projetos mais longos, que tragam desenvolvimento à área de mobilidade e permitam agregar novos grupos de professores e alunos de graduação e pós-graduação”, detalha o coordenador. Ele observa que essa política tem perspectivas positivas, pois, com a consolidação da infraestrutura do CTM, o Departamento de Engenharia Mecânica poderá ampliar sua participação em editais junto a órgãos de fomento, como Fapemig, CNPq e Finep.


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