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O Painel dos Presidentes, no encerramento do vigésimo congresso da SAE Brasil, em São Paulo, apontou a concordância dos participantes quanto a uma desaceleração da produção de veículos no País, que deve avançar apenas 2% em 2012 para chegar ao patamar de 5% de crescimento em 2013. A sessão teve a presença de Jaime Ardila, da General Motors América do Sul, Marcos de Oliveira, da Ford Mercosul, Gábor Deák, da Delphi América do Sul, e Richard Klein, da SAE International. O painel foi coordenado por Paulo Ricardo Braga, editor de Automotive Business.
Para este ano a Anfavea projeta a montagem de 3,42 milhões de veículos, uma evolução de apenas 1,1% em relação a 2010, enquanto as vendas no mercado interno saltarão para 3,69 milhões, um crescimento de 5% sobre o ano passado. "Há uma invasão de importados, que compromete o desempenho da indústria local", refletiu Jaime Ardila, presidente da GM América do Sul.
Marcos de Oliveira, presidente da Ford para o Mercosul, concordou com a análise e, da mesma forma que Ardila, admitiu que o novo regime automotivo sofrerá correções de rumo para alcançar o objetivos proposto de incentivar a produção local e a inovação. Enquanto os veículos importados devem pagar 30 pontos a mais no IPI, os modelos produzidos no País deverão atender algumas exigências para escapar do imposto extra -- como efetuar diversas etapas da manufatura localmente, investir em pesquisa e desenvolvimento e comprovar 65% de conteúdo regional.
Gábor Deák, presidente da Delphi, enxergou benefícios ao setor de autopeças com as regras do Decreto 7567 que aumentou o IPI dos importados, mas reforçou a tese do Sindipeças de que é necessário dar maior atenção à definição do que seja peça nacional. Ele alertou que é preciso desarmar diversos mecanismos que permitem mascarar a real origem de componentes.
Ardila, Oliveira e Gábor foram unânimes em apontar a urgência em buscar soluções para derrubar os problemas atuais na infraestrutura, o custo excessivo de insumos, o peso dos impostos. Os três manifestaram preocupação com a evolução dos custos trabalhistas e à concessão de reajustes acima da inflação.
Embora tenham maior facilidade para importar componentes do que a maior parte dos players da cadeia de produção, que traz centenas de pequenos e médios fabricantes de autopeças, Delphi, Ford e GM definem como prioridade a compra local de insumos e peças para a montagem de sistemas e veículos. Para as três empresas, a disponibilidade de uma cadeia de suprimentos forte é indispensável e estratégica para o parque automotivo ganhar competitividade ante os concorrentes estrangeiros.
Kleine, presidente da SAE International em 2011, que veio prestigiar o congresso e participar das comemorações dos 20 anos da operação brasileira, mostrou-se impressionado com o atual estágio tecnológico na indústria local, especialmente na área de combustíveis renováveis. Diretor da Cummins na área de qualidade, destacou também os esforços do Brasil na área de emissões, adotando o Proconve P7 na virada do ano.
Gábor não se mostrou preocupado quanto à chegada de novos fabricantes asiáticos e lembrou que sistemistas como a Delphi estão presentes em todas as partes do globo e já atendem marcas chinesas e coreanas em outros países. Ele garantiu até mesmo que haverá peças de reposição para os veículos importados que utilizam sua marca.
Os três participantes do setor automotivo admitem que há uma revolução a caminho na área de powertrain, com os motores passando por um processo de downsizing. Haverá novos propulsores com turboalimentação, comando de válvulas variável e a contribuição de tecnologias como o start stop, mas a injeção direta deverá chegar em um passo posterior. Gábor decretou o fim do tanquinho de gasolina, com o avanço dos sistemas de partida a frio.
Ao final, Ardila, Gábor e Oliveira enfatizaram que há muito trabalho pela frente para tornar a indústria local competitiva, mas asseguraram que pretendem ver as equipes de engenharia locais trabalhando nos times principais para desenvolvimento de projetos, em pé de igualdade com outros centros de tecnologia globais. Ardila destacou que a GM do Brasil exportará este ano o equivalente a U$$ 500 milhões em serviços de engenharia.
Luc de Ferran, conhecido pela atuação como diretor da Ford, e agora consultor, considera que ocorreu uma importante evolução na competência da engenharia automotiva brasileiras. "Há empresas capazes de desenvolver integralmente um veículo no País", disse
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