Bosch e John Deere anunciam novas fábricas no Brasil

A Bosch e a John  Deere anunciaram nesta segunda-feira, 3, a construção de novas fábricas. A John Deere irá construir duas novas plantas na cidade de Indaiatuba (SP), num total de US$ 180 milhões em investimentos. Já a Bosch anunciou apenas o aporte de US$ 22 milhões na nova estrutura, sem revelar o local. Nesta quarta-feira será a vez da AGCO anunciar seus novos planos para o Brasil, que devem incluir aportes para expansão das instalações e lançamento de produtos.

Uma das fábricas da John Deere será dedicada a produção de escavadeiras, em parceria com o grupo Hitachi, e outra para retroescavadeiras e pás carregadeiras, com investimento próprio. As duas iniciativas receberão US$ 180 milhões, dos quais US$ 124 milhões do grupo norte-americano.

O segmento desperta a atenção de vários grupos estrangeiros, incluindo as coreanas Doosan e Hyundai e as chinesa Sany e XCMG (Xuzhou Construction Machinery Group), que anunciaram planos para estabelecer fábricas de máquinas para construção no Brasil. De acordo com o presidente global da Deere & Co., Samuel Allen, as máquinas produzidas pela companhia terão índice de nacionalização de 60%, para atender às regras de financiamento da Finame, do BNDES. Os executivos da empresa não revelaram qual a capacidade de produção das unidades nem qual a fatia de mercado que o grupo espera abocanhar no futuro.

A nova fábrica da Bosch será responsável por fabricar a nona geração do ABS e o Programa Eletrônico de Estabilidade (ESP). Com o investimento, a companhia pretende acompanhar o crescimento da demanda por dispositivos de segurança no mercado.

Besaliel Botelho, que assumiu a presidência da companhia recentemente, não detalhou o local da planta ou o volume de produção. O executivo adiantou apenas que a corporação detém 70% do mercado de ABS do País e vende cerca de 500 mil sistemas por ano. Com a obrigatoriedade da tecnologia para os veículos novos, a partir de 2014, as vendas devem crescer em ritmo acelerado. Para conseguir atender à expansão, a planta será bastante flexível. “Caso necessário, poderemos aumentar o volume muito rapidamente e com investimento baixo”, explica.

Já a comercialização do ESP, tecnologia capaz de corrigir automaticamente a trajetória do veículo em manobras bruscas de emergência, não será apoiada em uma nova legislação. O sistema será vendido de acordo com o interesse das montadoras. Para Botelho, apesar não haver garantias de grandes volumes no início, o aumento da segurança nos veículos é uma das principais preocupações do setor, junto com expansão do conforto, conectividade e da oferta de veículos mais econômicos e menos poluentes.

“A tendência é que carros cada vez mais compactos recebam tecnologia. O acesso dos emergentes a novos sistemas também será ampliado”, projeta. Neste cenário, o presidente da Bosch aposta que o modelo do futuro terá propulsão elétrica, apesar do alto custo de produção e dos problemas ainda não resolvidos na área de reciclagem apontarem para outro caminho. “Hoje os veículos têm 40% de conteúdo eletrônico. Esse percentual deve subir para 75%”, acredita. O prazo para isso é a metade da próxima década, quando os volumes de vendas serão maiores.

Investimentos
A Bosch vai investir R$ 103 milhões na América Latina em 2011, volume quase 50% superior ao registrado no ano passado. O aporte será destinado à expansão da capacidade e ao lançamento de novos produtos, como centrais eletrônicas para gerenciamento do motor, sensores de temperatura e pressão do ar e bobinas de ignição.

A quantia fica acima da média dos anos anteriores, já que, entre 2006 e 2010, a empresa aplicou R$ 362 milhões. O plano de investimentos para o 2012 ainda não foi divulgado por conta das incertezas acerca da nova política industrial e da economia internacional. Até o momento, a empresa confirmou apenas que a construção da nova fábrica de ABS entrará no planejamento do próximo ano junto com o aporte em uma planta de coletores de energia solar para aquecimento de água.

Na semana passada a John Deere anunciou US$ 100 milhões para produzir tratores e colheitadeiras em uma fábrica na província de Santa Fé, na Argentina. A Deere prevê um recuo de 5% nas vendas de máquinas agrícolas na América Latina este ano em relação a 2010.