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O forte crescimento econômico da China, responsável pela expansão do setor de mineração na última década, tem data para acabar. E os produtores de minério de ferro, altamente dependentes da demanda chinesa, precisam estar preparados para esse momento.
A teoria é de Colin Pratt, diretor da CRU Strategies, consultoria especializada em metais. Ele estima que, entre 2020 e 2030, haverá uma quebra estrutural na demanda por minérios, com o fim do boom chinês.
Na última década, a participação da China no consumo mundial dos principais metais subiu de 10% para 40%, segundo Pratt. Em alguns casos, deve chegar a 50% em breve, devido às grandiosas obras de infraestrutura no país asiático. "Mas só se constrói uma nação uma vez", disse Pratt. Para ele, nos anos 20, cerca de 80% da população chinesa já estará vivendo em áreas urbanas, o que reduzirá o ritmo das obras.
Apoiada na explosão da demanda chinesa, a produção mineral brasileira passou de US$ 7 bilhões, em 2000, para US$ 50 bilhões estimados para este ano -o minério de ferro, usado na produção de aço, corresponde a mais de 60% do total.
"O boom de demanda por minério de ferro vai acabar nos anos 20. O Brasil precisa se diversificar em outros metais mais ligados ao consumo do que à infraestrutura, como os fertilizantes. Os chineses vão precisar comer sempre", acrescentou o consultor, ontem, durante o 14º Congresso Brasileiro de Mineração, em Belo Horizonte (MG).
Para Pratt, as mineradoras estão vivendo um pico de demanda e devem aproveitar a boa fase. "Não vemos quebra estrutural nos próximos dez anos, mas temos de olhar para o longo prazo", disse. Mas fez uma observação positiva entre tantas observações: "Ainda existe a Índia".
Curto prazo
Até 2020, ou seja, durante a fase mais aguda do processo de urbanização, o consultor aguarda a continuidade da forte demanda por minério. A visão de Pratt é compartilhada por Roger Downey, presidente da MMX, mineradora do grupo de Eike Batista. Para os próximos anos, o executivo acredita que a tonelada de minério de ferro vai oscilar em torno de US$ 150 e, para o longo prazo, ele prevê que os preços estejam ao redor de US$ 100.
"Por mais que o consumo de matéria-prima se arrefeça, ele ainda é muito grande", afirmou Pratt. Marcelo Aguiar, analista do Goldman Sachs para a área, estima um arrefecimento depois de 2014, quando está prevista a entrada de capacidade adicional na produção mundial. Para 2012, a projeção é de US$ 170 por tonelada, passando para US$ 160 em 2013 e para US$ 125 por tonelada no ano seguinte.
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