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A subsidiária brasileira da Mercedes-Benz pretende agregar ao seu parque industrial de Juiz de Fora (MG) até 12 fornecedores, plano que deve ser concretizado em meados de 2014. Três empresas já atuam na planta mineira, a Randon (fabricante de implementos rodoviários), a Maxion (de rodas e chassis) e a Seeber (pintura de peças plásticas e metálicas). A principal meta da Mercedes-Benz é fabricar o caminhão pesado da marca, o Actros, que hoje é importado, e elevar o nível de nacionalização desse modelo de caminhão para 60% até 2014. Atualmente, a planta mineira, que já fabricou automóveis, é dedicada à fabricação de caminhões e ônibus.
"O grande benefício dessas parcerias está em uma maior flexibilidade de ajustes e inovação dos produtos, além de otimizar fatores como logística", afirma Jürgen Ziegler, presidente da Mercedes-Benz do Brasil e CEO para a América Latina. Nos próximos anos, a empresa prevê dobrar a capacidade produtiva da unidade de Juiz de Fora que, hoje, emprega 800 funcionários.
Enquanto o pesado da empresa não é fabricado por aqui, a montadora comemora o bom momento da indústria nacional. A Mercedes-Benz projeta atingir 75 mil unidades este ano. Uma das maiores alavancas para esse desempenho é a entrada em vigor dos novos limites de emissão de gases estabelecidos pela norma Proconve 7, que equivale à Euro 5.
A Mercedes-Benz acredita que o mercado já está passando pelo chamado efeito pre-buy, em que os clientes antecipam a compra para escapar do aumento de preços causado pelo novo modelo de motor, que visa a diminuir a emissão de poluentes. "O custo deve ficar de 6% a 10% mais caro para o consumidor", calculou Joachim Maier, vice-presidente de Vendas da empresa para o Brasil.
Essa antecipação, de acordo com o executivo, deve durar até o final deste ano. "Dessa forma, será difícil atingir a mesma marca em 2012", disse Maier. Ele salienta que deve haver uma desaceleração nas vendas nos seis primeiros meses de 2012 e, após esse período, a empresa deverá recuperar seu volume normal de comercialização de mercado.
Apesar de ainda importar o pesado Actros, que terá 60% de nacionalização apenas em 2014, Ziegler disse que a nova medida do governo acerca do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para o setor automotivo não deve afetar a empresa. Mesmo assim, o presidente da Mercedes-Benz acredita que o aumento da tributação para importados pode prejudicar a competitividade da indústria nacional. "O Brasil está seguindo por um caminho errado", disse ele.
A perspectiva de que a empresa não será afetada pela medida vem do fato de que há investimento em desenvolvimento e no conteúdo nacional da marca, que segundo executivos, como um todo, ultrapassa os 65% mínimos. Na visão de Ziegler, o novo pacote de medidas deve prejudicar a comercialização aqui e no mercado externo. "A conta será repassada para o consumidor final", avaliou.
Manutenção de rota
Ziegler garantiu que as mudanças do IPI não irão afetar os planos da empresa para a planta de Juiz de Fora, onde devem ser investidos R$ 450 milhões. No primeiro ano de produção, os caminhões da Mercedes-Benz terão cerca de 25% a 30% de conteúdo nacional. No segundo, 40% e devem ultrapassar os 60% em 2014. "É impossível passar de zero a 65% de conteúdo nacional em poucos dias", reclamou ele.
Esse aporte da montadora alemã em Minas Gerais vai ao encontro da impressão passada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada ontem. Para o economista-chefe da entidade, Flávio Castelo Branco, a medida é uma reação de defesa do mercado brasileiro em relação aos importados. Segundo ele, as distorções do sistema tributário e as suas deficiências ficam "desnudadas" com a valorização do real. "Com certeza é uma medida diferente das usuais, quase emergencial do ponto de vista de ação, com características específicas e transitórias", defendeu. Ele acredita que, apesar da elevação do tributo, o mercado brasileiro é atrativo. "Se a empresa estiver no processo de instalação de uma planta no Brasil, pode ser um estímulo para ela acelerar este processo", avaliou.
Essa impressão foi destacada por ele após a CNI divulgar que a carga tributária está no topo dos principais problemas apontados pela indústria nacional. A pesquisa mostra que 96% dos empresários criticaram o elevado número de tributos existentes no País. "É um entrave enorme à competitividade do setor industrial. As empresas vivem em um emaranhado de normas tributárias. A tributação é excessiva", disse ele.
O economista destacou que um levantamento recente feito pela Consultoria Legislativa do Senado mostrou que existem 104 tributos no Brasil "E ainda tem gente que quer criar mais um tributo em cascata e que vai afetar a competitividade", disparou.
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