Concorrência e retração no mundo derrubam preços dos equipamentos

Com a missão de prover a energia elétrica necessária para amparar o processo de crescimento sustentado da economia brasileira, o sistema elétrico está em franca expansão. A fronteira deslocou-se para o interior da Região Amazônica, desengavetando grandes e bilionários projetos de hidrelétricas, ao mesmo tempo em que fontes renováveis, como a geração eólica, ganharam impulso. Essas condições criaram um cenário auspicioso para a indústria de equipamentos, ampliando a competição.

Em 2010, o consumo de energia elétrica no país teve um crescimento de 7,8% na comparação com o ano anterior, refletindo o aumento do Produto Interno Bruto. O crescimento sustentado tem levado a uma expansão contínua do sistema elétrico, por meio de leilões de concessões de geração e transmissão de energia, além de investimentos das concessionárias de distribuição na ampliação e modernização das redes.

Estão em andamento projetos de geração de energia elétrica - usinas hidrelétricas, termelétricas, biomassa, eólicas e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) -, cuja operação deverá ocorrer até 2019, com uma capacidade conjunta de 51,6 mil MW, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), órgão regulador do setor elétrico. Trata-se do correspondente a 46% da capacidade instalada no final de 2010. Somente para o projeto de Belo Monte, no Sul do Pará, com a expectativa de ampliar em mais de 11 mil MW a capacidade instalada do parque brasileiro, a carteira de encomendas de equipamentos é estimada em torno de R$ 6 bilhões.

Para João Carlos de Oliveira Mello, presidente da empresa de consultoria Andrade & Canellas, o mercado de equipamentos para a geração hidráulica no Brasil tem, há muito tempo, players bem estabelecidos, com grande competência técnica. A Voith Brasil, por exemplo, no país desde a década de 1960, foi um dos fornecedores de turbinas para o projeto da hidrelétrica de Três Gargantas, na China, considerada a maior usina hidrelétrica do mundo, com 18,2 mil megawatts (MW) de potência.

O potencial do mercado brasileiro está atraindo fornecedores de equipamentos de outros países - como os chineses, acompanhados de linhas de financiamento. O quadro de retração econômica mundial está levando a uma redução dos preços dos equipamentos no Brasil. "O nosso sistema elétrico está se expandindo mediante custos marginais decrescentes", afirma Mário Menel, presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape). Segundo um especialista, com isso a energia a ser produzida pelos novos empreendimentos poderá ser oferecida pelos preços compromissados nos leilões, considerados muito baixos.

O projeto da hidrelétrica de Jirau despertou as atenções de fornecedores de turbinas chineses. Além de preços competitivos, eles também acenaram com linhas de financiamento. Com o projeto de Belo Monte, a competição com os players estrangeiros se acirrou ainda mais.

A presença de obras em rios da Região Amazônica está proporcionando desafios tecnológicos e logísticos para empreendedores e fornecedores de equipamentos. Para atender à demanda por equipamentos na hidrelétrica de Santo Antônio, localizado no Rio Madeira, a Alstom associou-se à Bardella na implantação de uma fábrica em Porto Velho, capital de Rondônia, próxima ao canteiro de obras.


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