China analisa emissão de CO2 dos setores de aço e cimento

A China está considerando estabelecer planos para limitar as emissões de gases do efeito estufa (GEEs) das indústrias siderúrgica e do cimento, entre outras, abrindo caminho para o comércio de créditos de carbono no maior país emissor do mundo, disse um representante do governo a um jornal nesta quinta-feira.

Os comentários de Sun Zhen, representante climático da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NRDC), se juntam aos recentes sinais de que o país está estudando seriamente colocar limites absolutos em alguns setores altamente poluentes, o que permitiria então que empresas comercializassem o direito de emitir dióxido de carbono, o principal GEE que provém da queima de combustíveis fósseis e da produção de cimento.

A China é o maior emissor de GEEs que provem de atividades humanas do mundo. O sistema cap-and-trade seria parte da meta da nação para cortar a intensidade de carbono – quantidade de poluição de dióxido de carbono lançada por cada unidade de crescimento econômico – entre 40% e 45% até 2020 em comparação com os níveis de 2005.

“Estabelecer limites nas quantidades absolutas de carbono que podem ser emitidas tornará possível realizar operações com os créditos de emissão”, disse Sun. Sun não indicou quando tal esquema seria lançado, mas o relatório afirma que provavelmente serão colocadas metas para os fabricantes de aço e cimento, e o comércio de créditos de carbono também poderá ser implementado em outros setores industriais, como os da região do delta do rio Pérola, perto de Hong Kong, e os do delta do rio Yangtze, perto de Shanghai.

Recentemente, outros representantes chineses anunciaram ideias similares. Xie Zhenhua, vice-ministro da NRDC, que dirige as políticas de mudanças climáticas, declarou no último mês que a China criará um esquema de comércio de carbono e desenvolverá gradualmente um mercado de comércio de emissões. Um representante da NRDC disse em abril que a China criaria seis esquemas de comércio de emissões até 2013, e estabeleceria uma plataforma de comércio nacional até 2015.

Além disso, a China está estudando como as metas de emissão da indústria podem ser implementadas no setor de eletricidade, que se baseia fortemente no carvão, a maior fonte de poluição de dióxido de carbono, que está intensificando o aquecimento global e ameaçando alterar perigosamente o clima.

A China está ansiosa para usar ‘mecanismos de mercado’ para evitar a repetição do último ano, quando algumas províncias foram forçadas a desligar grande parte da capacidade industrial como parte de esforços de última hora para atingir as metas de intensidade de energia de 2006-2010. O país já prometeu melhorar o monitoramento nos próximos cinco anos e vem implementando um sistema de alerta precoce para evitar que as regiões se atrasem com suas metas.

Um ‘plano de cinco anos’ abrangente para reduzir as emissões no período de 2011-2015 já foi, “em princípio”, aprovado pelo Conselho Estatal da China, e espera-se que seja publicado até o final deste ano. Estudiosos envolvidos na elaboração do plano afirmaram que se espera que seja estabelecido um limite absoluto de consumo de energia de 4,1 bilhões de toneladas de carvão padrão até 2015.

A alta e crescente emissão de CO2 derivada do carvão, petróleo e gás na China colocou o país no centro das negociações que buscam um novo pacto global para lidar com o aquecimento global. A China, com uma população de 1,34 bilhões de pessoas, já emite um quarto do CO2 do mundo, o que é mais do que liberam os Estados Unidos, historicamente, o maior emissor mundial. As emissões de dióxido de carbono da China cresceram 10,4% em 2010 em comparação com o ano anterior, aumentando para 8,33 bilhões de toneladas, de acordo com estimativas da BP.


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