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Animada com a retomada dos negócios após a crise de 2008 que fez despencar a produção, a indústria de fundição desengaveta produção. O ritmo dos investimentos ainda não é igual ao anterior a 2008, quando a produção mensal chegou a recuar para 130 mil toneladas, em dezembro, após o recorde histórico registrado em julho daquele ano, com a produção de 305 mil toneladas. Segundo projeções da Associação Brasileira de Fundição (Abifa), a programação até 2016 é de investimentos da ordem de US$ 1 bilhão pelas empresas do setor. Antes da crise, o programado estava em US$ 1,2 bilhão para o período 2008 a 2013.
As demandas futuras que justificam essa programação devem vir, segundo a Abifa, do setor ferroviário e das obras de infraestrutura programadas em várias áreas, mas especialmente no setor de óleo e gás em função da exploração do pré-sal. “Acreditamos que o setor automotivo, que cresceu muito nos últimos anos, cederá espaço agora para a infraestrutura”, diz Devanir Brichesi, presidente da Abifa. É nisso que aposta, por exemplo, a diretoria da Sinto Brasil, produtora de equipamentos para jateamento e granalhas de aço esférica e angular. Além do setor automotivo, a Sinto, subsidiária da japonesa Sintokogio, também fornece para as áreas de mineração, construção civil e também para a indústria naval. Em razão dessa atuação mais pulverizada, os acionistas acreditam na ampliação das vendas está concluindo investimento de R$ 70 milhões na construção de uma fábrica de granalhas de aço em Atibaia (SP), interior paulista.
A nova unidade da Sinto deve entrar em operação até novembro e terá uma capacidade produtiva de 60 mil toneladas de granalha por ano – granalha é um abrasivo usado para limpeza e aumento da resistência de peças fundidas e também no corte de granito, jateamento de chapas em estaleiros, entre outras aplicações. “Nossa intenção é, dentro de mais alguns anos, concentramos toda a nossa produção em Atibaia”, informa Vitor Azevedo, presidente da empresa. A instalação da nova fábrica exigirá a concentração de 70 funcionários, que se juntarão aos 210 atualmente já empregados na planta da Vila Prudente, zona Leste de São Paulo.
A decisão da Sinto de concentrar as atividades em Atibaia envolverá também a ampliação da produção de fundidos, mas ainda deve demorar uns dois anos, pois depende de novas avaliações sobre o mercado. Avaliar as condições gerais de vendas é o que fará também a Intercast, outra empresa do setor que está investindo no aumento da capacidade produtiva. Atuando no setor de fundidos desde 1997, a Intercast, cuja sede fica em Itaúna, a 100 km de Belo Horizonte, está concluindo uma das etapas de um longo programa de investimentos, que deve elevar a capacidade de 20 mil toneladas por ano para 80 mil toneladas anualmente nos próximos anos.
Com investimento de R$ 51 milhões, a Intercast planeja alcançar a produção anual de 40 mil toneladas já no segundo trimestre de 2012. “Para a última etapa do programa de ampliação, quando dobraremos uma vez mais a capacidade, serão necessários apenas investimentos marginais e que serão de rápida concretização”, diz Cássio Machado, fundador da empresa. De forma geral, os industriais estão otimistas quanto ao futuro do mercado interno.
A intenção da Intercast com os investimentos, que exigirão a contratação de 250 novos funcionários, elevando para 550 o efetivo da empresa, é manter a posição conquistada no mercado doméstico e também na pequena fatia destinada à exportação. A empresa fabrica peças fundidas para caminhões, tratores, máquinas agrícolas e também automóveis. Mas não são apenas as empresas de médio porte do setor de fundição que estão investindo. Grandes grupos também voltam a ampliar a capacidade instalada.
É o caso da Teksid, um dos maiores produtores de fundidos do país. Integrante do Grupo Fiat, a Teksid, que emprega hoje 3.500 pessoas, retomou um investimento de R$ 85 milhões para ampliar de 2,3 milhões para 3,3 milhões de toneladas de fundidos/ano. “Esse investimento começou antes da crise de 2008, agora voltamos a ele e deveremos concluí-lo em 2012”, relata Rogério Silva Júnior, diretor geral da Teksid. Apesar do otimismo manifestado pelo setor em relação ao mercado interno e dos efetivos investimentos concretizados, os empresários chamam a atenção para um velho problema da indústria brasileira: o elevado custo dos investimentos no País.
Importação e custos causam temor
Apesar do bom desempenho nos últimos tempos, uma ameaça paira sobre a indústria da fundição: o avanço das importações de peças fundidas, principalmente pelo setor que é o seu principal mercado, a indústria automotiva. Pelas estimativas da Associação Brasileira de fundição (Abifa), as importações de fundidos atingiram 1 milhão de toneladas nos últimos quatro anos. “Isso representa uma perda de receita equivalente a US$ 3 bilhões para os produtores locais”, informa o presidente da entidade, Devanir Brichesi.
De acordo com Brichesi, os segmentos de fundidos de alumínio e ferro são os mais vulneráveis aos importados. Segundo ele, algumas empresas da área de alumínio estão em situação bastante delicada. Há casos em que a receita caiu pela metade.. A queda contínua do dólar tem minado a capacidade da indústria de competir e levqado algumas à beira da falência.
Na avaliação do presidente da Abifa, além da questão cambial, outras pressões de custos prejudicam a atividade: encargos trabalhistas, tributos elevados e energia cara. Um estudo feito no ano passado pela consultoria Commodities Research Union mostrou que o custo do megawatt\hora (MWh) no Brasil estava em US$60, contra US$ 30 da média mundial.
Para tentar reverter esse quadro desfavorável, a direção da Abifa está em constante negociação com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. E a pregação já surtiu efeito. No final do ano passado, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) elevou as alíquotas de importação de ferramentas e moldes usados pela indústria automobilística. As alíquotas subiram de 14% para 35% no caso de importação de moldes de injeção e compressão, e de 14% para 25% em relação às ferramentas de embutir e estampar.
Apesar da medida, a direção da Abifa considera isso apenas um começo. Os líderes da fundição continuam reivindicando: redução no custo da energia elétrica, menor tributação desoneração dos investimentos, além de medidas para reduzir encargos trabalhistas.
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