Máquinas para exportação ficam nos pátios

A Argentina continua filtrando as importações de produtos brasileiros segundo suas conveniências, indicando que está cada vez mais distante o sonho de uma zona de livre comércio na região. Limitando a emissão de licenças automáticas para o ingresso de máquinas em seu território, o país vizinho tem procurado equacionar os problemas da balança comercial e, ao mesmo tempo, forçar investimentos para a produção local.

Um exemplo claro dessa realidade ocorre no segmento de máquinas agrícolas. A Anfavea estima que, em função de restrições alfandegárias, o País deixou de exportar à Argentina 1,7 mil tratores e 800 colheitadeiras (2,5 mil unidades) desde o início deste ano, justamente em momento de colheita intensiva. Em lugar de máquinas novas, de alta produtividade, a opção foi realizar o trabalho com equipamentos antigos.

O problema não fica tão evidente em razão da nova sistemática comercial nas exportações, que evita a formação de estoques na fronteira. Como a distância entre as fábricas brasileiras e o país vizinho é pequena, os embarques são feitos 24 a 48 horas antes da entrega no destino final – com a emissão de licenças (agora não automáticas). Em vez de enormes estoques na fronteira, agora há pátios cheios próximo às fábricas.

Barreiras
Notícia publicada pelo Estadão na segunda-feira, dia 9, evidencia que o governo da presidente Cristina Kirchner aplica uma saraivada de medidas protecionistas que restringem ou atrasam a entrada de produtos brasileiros no mercado argentino. Segundo a consultoria portenha Abeceb, do total de exportações realizadas pelo Brasil para a Argentina, 23,9% são alvo de barreiras – quase um quarto do total das vendas. De janeiro a abril, o Brasil acumula saldo positivo de US$ 1,33 bilhão com a Argentina. A previsão da consultoria Abeceb é que o superávit chegue a US$ 6,5 bilhões este ano. 

Ainda segundo o jornal, fontes do governo admitem que “não adianta conversar com os argentinos”. O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) esteve em Buenos Aires em fevereiro e voltou com o compromisso de que os produtos brasileiros seriam excluídos das barreiras.


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