Sindipeças pede mudanças para reverter déficit

A indústria nacional de autopeças, por meio do Sindipeças, entregou ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) um documento com "cinco ou seis" propostas de medidas, relativas a custos trabalhistas, financiamento de longo prazo, regras de conteúdo local e normatização, que podem surtir efeito no curto prazo e ampliar a competitividade dos componentes produzidos no país. Duramente afetado pela valorização do real, o setor deverá registrar déficit comercial recorde neste ano, perto de US$ 4,5 bilhões. No ano passado, o saldo ficou negativo em US$ 3,54 bilhões.

As propostas, de acordo com o presidente do sindicato, Paulo Butori, serão discutidas diretamente com o ministro Fernando Pimentel, em reunião agendada para o dia 4 de maio. "Não dá para levar uma proposição tão ampla, porque há necessidade de urgência", explicou. Por enquanto, as conversas em torno do documento, que contempla reivindicações de 16 entidades, têm ocorrido com técnicos do ministério. Depois do encontro com Pimentel, representantes da indústria devem ser recebidos pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. "É hora de organizar o setor. Sem uma política clara, a indústria se tornou frágil, facilmente abatida", acrescentou Butori, durante evento da Automotive Business, empresa de comunicação especializada no setor automotivo.

Paulo ButoriAlém de sugerir alterações nos custos trabalhistas e a oferta de uma linha de financiamento de longo prazo a custo acessível, os fabricantes de componentes reivindicam a revisão da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), usada para classificação de mercadorias. Há ainda uma proposta de criação de regras para controle do conteúdo local de componentes automotivos. "Não sabemos quanto do que se importa da Europa e do Japão tem conteúdo chinês ou do Leste Europeu", disse Butori.

A urgência na adoção de incentivos à indústria é justificada, principalmente, pelos sucessivos déficits registrados pela balança comercial do setor, seja pelo lado do aumento das importações, seja pelo recuo das exportações, diante da valorização do real e perda de competitividade dos itens nacionais. Neste ano, de acordo com Flávio Del Soldato, conselheiro do Sindipeças, além do câmbio, pesará na balança o número significativo de lançamentos da indústria automobilística. "Os modelos novos usam muito mais itens importados. Esses materiais serão nacionalizados mais adiante, mas, num primeiro momento, há elevação do volume importado."

Conforme o Sindipeças, a indústria nacional tem investido apesar do câmbio desfavorável. "Mas está perdendo oportunidades de crescimento", afirmou Butori.

 

 


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