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A Pepsico anunciou recentemente ter conseguido produzir uma garrafa apenas com resíduos agrícolas, como cascas de pinheiro, laranja e batata. Em 2012, a empresa colocará a embalagem experimentalmente no mercado, num projeto-piloto. Depois, a ideia é expandir o seu uso. Desde o ano passado, a Coca-Cola produz a "plant bottle" (garrafa vegetal, em tradução livre) - embalagem feita com até 30% de cana-de-açúcar.
Nos dois casos, a boa notícia é a substituição de uma fonte não renovável - o petróleo - por outra renovável na produção do PET (sigla para politereftalato de etileno). A demanda por PET só cresce no País. De 1994 até 2010, o aumento chegou a 525% - no último ano foram produzidas 500 mil toneladas.
Mas as iniciativas ainda são controversas. Até mesmo o presidente da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), Auri Marçon, tem dúvidas.
Ele louva a iniciativa das empresas em pesquisar matérias-primas mais sustentáveis, mas faz ressalvas. Diz não conhecer "o pulo do gato" que permitiu à Pepsico fazer uma garrafa apenas com resíduos agrícolas. "Tentei inúmeros caminhos e não consegui descobrir a rota. Os cientistas do setor de PET desconhecem a rota química ou a patente que tenha sido adotada e dizem que isso é um desafio extraordinariamente difícil", afirmou Marçon.
Para ele, é preciso ter cuidado ao falar de um produto "que ainda não está na mão". "Respeito, porque é empresa de renome, mas gostaria de entender melhor como fizeram." O Estado solicitou entrevista à Pepsico, mas ela não foi concedida.
Dificuldades técnicas
O plástico PET é produzido a partir da reação química de dois componentes: MEG (monoetileno glicol), responsável por cerca de 30% de seu peso, e o PTA (ácido politereftálico), responsável pelos 70% restantes.
Segundo a Coca-Cola, "atualmente, podemos produzir em escala industrial o MEG a partir de origem vegetal". A empresa diz, porém, que trabalha "para desenvolver o outro componente, o PTA, também a partir de fonte vegetal renovável". Mas não há previsão de quando o objetivo será alcançado.
Marçon mostra uma incongruência no caso da Coca-Cola. Ele explica que o resíduo da cana é mandado do Brasil para a Índia, onde está parte da matéria-prima, para produzir o MEG. A resina PET é fabricada no país asiático e depois volta para o Brasil para embalar o refrigerante.
"Se for levar em consideração essa equação logística, provavelmente não há um equilíbrio ambiental, não é viável em termos de meio ambiente. Porque vai transportar o líquido lá para a Ásia, olha a emissão que se tem de combustível de navio", avalia o presidente da Abipet. Mas ele também afirma que, no futuro, esse conceito pode trazer bons resultados.
Distribuição
A plant bottle da Coca ainda hoje é comercializada no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Belo Horizonte, em Curitiba, no Recife e em Porto Alegre.
O processo é usado para produzir embalagens de 500 ml e 600 ml - mas ainda não atingiu o total fabricado dessas garrafas. A empresa não informou, porém, quanto do total produzido hoje é de plant bottle. Segundo a assessoria de imprensa da Coca, a meta da empresa "é que, até 2014, todos os seus produtos comercializados em embalagens PET sejam em plant bottle".
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