Empresas alemãs de energia limpa afirmam poder substituir usinas nucleares

O setor de energias renováveis da Alemanha tem se mostrado otimista em relação a uma possível substituição das usinas nucleares por fontes limpas. Nesta quarta-feira, a Associação de Empresas Alemãs de Energias Renováveis (BBE em alemão) disse que as energias verdes poderiam abastecer 47% do suprimento energético do país até 2020.

A associação, composta por 22 empresas do setor de energias renováveis, discutiu como substituir a capacidade de geração de energia nuclear, e afirma que as usinas renováveis podem oferecer grande parte do suprimento dessa energia.

“As renováveis poderiam fornecer 47% do suprimento de energia alemão até 2020. Deste modo elas não só compensariam a retirada da energia nuclear (que deve ser usada até 2021 no máximo), mas também ofereceriam energia acessível e sustentável”, apontou o grupo.

“A Alemanha pode interromper o uso da energia nuclear de forma rápida, sem se tornar dependente da importação de eletricidade proveniente de países vizinhos. Pelo contrário: em 2007, por exemplo, seis reatores deixaram de funcionar. No entanto, a Alemanha teve naquela época um dos maiores superávits de exportação de eletricidade na história do país”, relembrou Dietmar Schuetz, presidente da BEE. “Pelo menos sete dos reatores mais antigos poderiam ser desligados da rede sem provocar uma escassez de abastecimento”.

Energia limpaDe acordo com dados da indústria alemã, no último ano as energias renováveis foram responsáveis por 17% a eletricidade gerada no país, de uma produção de 585 bilhões de kilowatts hora. Já a geração de energia nuclear contribuiu com 23% do suprimento total.

Na terça-feira, o governo alemão declarou que pretende suspender até junho as atividades de sete usinas de energia nuclear que começaram a operar antes de 1980, mas ainda não decidiu se as usinas serão reabertas após o término da crise nuclear que ocorre no Japão.

O governo terá que determinar também se retomará um programa para fechar seus 17 reatores ou se estenderá a vida útil de algumas das usinas mais novas. No segundo semestre do ano passado, o país havia decidido expandir a vida útil dos reatores, mas essa decisão poderá ser revogada. Enquanto a situação permanece indefinida, a Alemanha deve elaborar novos anos para assegurar o futuro do abastecimento de energia.

“Se o governo federal está levando a sério o desenvolvimento acelerado das energias renováveis, deve retirar o prolongamento da vida útil das centrais nucleares de forma permanente e não apenas por três meses”, disse Schuetz. “Os reatores não são uma ponte, mas um sério obstáculo para a necessária reestruturação do nosso sistema energético”.

Recentemente, o Instituto de Economia Mundial de Hamburgo mostrou que as extensões de vida útil poderiam atrasar a competitividade das energias renováveis em relação às energias fósseis em cerca de 16 anos. Relatórios do Ministério Federal da Economia e outros estudos também indicam que além de abastecer o fornecimento de energia do país, a Alemanha poderia ainda exportar eletricidade, mesmo sem as usinas nucleares.

“Em vez de usinas nucleares, precisamos de usinas renováveis de ciclo combinado. Oferecemos esta possibilidade ao chanceler há cinco anos”, disse Schuetz. No entanto, argumenta-se que as energias renováveis têm níveis de produção voláteis, ou seja, que estes níveis podem ser muito inconstantes devido a diversos fatores.

A BEE afirma que uma expansão na quantidade de usinas renováveis poderia resolver esse problema, mas isso não poderá acontecer enquanto a Alemanha tiver excesso de usinas termelétricas. A Associação afirma também que usinas de ciclo combinado poderiam equilibrar a volatilidade entre as diversas energias renováveis, mas que o esquema vem sendo ignorado. “Até agora não temos nenhum projeto para expandir tais usinas de ciclo combinado – embora isso tenha sido anunciado pelo governo federal”, disse o presidente do grupo.


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