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Houve um tempo, no passado não muito distante, em que os produtos eram projetados para durar muitos anos. Uma máquina de lavar, por exemplo, tinha uma vida útil superior a 20 anos. Hoje esse tempo caiu, em média, para sete anos. No caso dos telefones celulares, o ciclo é ainda mais curto: sete meses. É a chamada obsolescência programada, adotada por algumas empresas como estratégia de negócios para manterem-se competitivas e que tem como meta colocar no mercado, de forma constante, produtos cada vez melhores e que correspondam aos desejos do público alvo. Uma tática que requer agilidade, planejamento e, principalmente, uma plataforma tecnológica capaz de controlar, gerenciar e suportar todas as informações referentes ao produto, desde sua concepção até o descarte.
É dentro desse contexto que as empresas começam a entender o conceito e a empregar soluções de PLM - Product Lifecycle Management – gerenciamento do ciclo de vida do produto. Não se trata de um modismo ou de mais uma sopa de letrinhas, mas de um sistema que possibilita reduzir - ou mesmo eliminar - algumas distorções que ocorrem nas companhias, na medida em que centraliza todas as informações sobre o produto em um único repositório de dados.
Um dos erros mais comuns das corporações é considerar que só porque implantaram um sistema de gestão empresarial (ERP – Enterprise Resource Planning) conseguiram solucionar todos os problemas. Na verdade esse tipo de solução é fundamental para realizar as operações transacionais que ficam restritas aos muros da empresa, mas não se aplica para o desenvolvimento de produtos, porque isso requer um sistema que permita visualizar todo o ciclo de vida do produto e facilite a colaboração entre os diversos departamentos, clientes e fornecedores. Outro problema grave é que ao gastar muito tempo, dinheiro e energia de seus melhores profissionais para implantar um ERP, a companhia deixa de ter foco no produto e, com isso, compromete sua competitividade e até a própria sobrevivência no mercado.
Na prática, o que costuma ocorrer em grande parte das organizações é a dispersão das informações em várias bases de dados. Assim, um projetista, em um dia normal de trabalho, precisa consultar de cinco a seis sistemas para obter os dados de que necessita. Se ele for da área aeroespacial, o número de sistemas sobe para 14 ou mais. Entre os efeitos colaterais dessa falta de integração, um dos mais graves, sem dúvida, é a demora para definir quais componentes e funcionalidades farão parte do produto, o que implica em retardar seu lançamento. Isso pode ser fatal, se considerarmos que cada mês de atraso corrói, em média, cerca de 3,5% da margem do produto, afetando a lucratividade da empresa, sem contar os aumentos de custos e os riscos de perda de espaço para a concorrência.
O PLM contribui para solucionar essas e várias outras questões na medida em que dá à empresa maior controle sobre seus processos produtivos. Com ele, todos os departamentos – vendas, marketing, financeiro, engenharia, produção, diretoria, entre outros – passam a contar com a mesma base de dados e a acessar informações atualizadas. Dessa forma é possível saber quando e quais mudanças foram feitas, acompanhar cada etapa do desenvolvimento, e ainda disciplinar todos os envolvidos para que o projeto tenha um início, meio e fim, possibilitando a predeterminação das especificações, recursos, prazos e custos. O gerenciamento do ciclo de vida do produto delimita, controla e valida todas as fases que vão desde a idéia do produto até a sua fabricação e lançamento, prevendo ainda sua “morte” e eventual retirada do mercado. Um dos benefícios imediatos propiciados é a redução do time to market. Nos EUA, a NASA, por exemplo, reduziu 50% do tempo de fabricação de seus produtos ao implementar uma solução de PLM. Na Ping, fabricante de tacos de golfe, a redução foi ainda maior: 78%.
Por essas e outras razões, o mercado de PLM vem crescendo cerca de 10% ao ano, mesmo com a crise, sendo adotado por grandes corporações de atuação global. Mas, paulatinamente, também as de menor porte deverão caminhar nessa direção. A tecnologia auxilia, ainda, as empresas exportadoras a estarem em conformidade com as legislações ambientais de diferentes países, sendo uma ferramenta importante em prol da sustentabilidade. Mas isso já é assunto para outro artigo.
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