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O ano deve começar em marcha lenta para indústria, com perspectiva de queda no ritmo de contratação de trabalhadores para o período de novembro a janeiro, forte redução nas expectativas de negócios até abril e provável impacto negativo sobre o ritmo dos investimentos, revela a Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O Índice de Confiança da Indústria (ICI), indicador que sintetiza a expectativa dos industriais, caiu 1,1% em novembro na comparação com outubro, já descontadas as influências sazonais. O resultado se equipara ao registrado em agosto e é o menor desde novembro de 2009. Exceto nos bens de consumo duráveis e não duráveis, houve perda de confiança dos fabricantes de bens de capital, materiais de construção e bens intermediários em novembro na comparação com o mês anterior. De 14 segmentos pesquisados, só em três (alimentos, química e produtos farmacêuticos) a confiança cresceu no último mês. Nos demais houve retração, com destaque para indústria metalúrgica.
"Em termos históricos o nível da confiança dos empresários registrado em novembro não é baixo, não sinaliza uma recessão. Mas há um desaceleração em curso, que começa a impactar até o investimento com reflexos na indústria de bens de capital e materiais de construção", diz o superintendente de Ciclos Econômicos da FGV, Aloisio Campelo.
A queda do ICI registrada no mês passado foi influenciada especialmente pela retração no índice de expectativas. Em novembro o indicador recuou 1,9% na comparação com outubro, refletindo a retração de 3% do indicador do emprego previsto para três meses, de novembro a janeiro, e a queda na situação dos negócios para seis meses, de novembro a abril.
O indicador que mede a expectativa dos negócios em seis meses recuou 4,9% de outubro apara novembro, descontadas as influências sazonais. O único resultado que vai na contramão da desaceleração é o da produção prevista para o período novembro a janeiro, que aumentou 2,3%.
Campelo aponta alguns fatores que, combinados, podem ter afetado a confiança dos empresários. Um deles é o provável aperto fiscal que deve vir com o novo governo e a elevação da taxa de juros para conter o avanço da inflação, mas que acaba afetando o consumo e o investimento. "Provavelmente esses fatores deixaram os empresários em compasso de espera e houve um esfriamento nos ânimos."
Capacidade. Outro indicador da Sondagem da Indústria de Transformação, usada para elaborar o ICI, que reforça a tendência de moderação no desempenho do setor é o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci). O indicador que estava em 85,2% em outubro caiu para 84,5% em novembro, no resultado que desconta as influências sazonais. Segundo a pesquisa, esse é o menor nível de uso da capacidade da indústria desde março deste ano (84,3%). A pesquisa consultou 1.192 empresas que, juntas, faturaram no ano passado R$ 620,1 bilhões e empregam 1,2 milhões de pessoas.
Na análise de Campelo, a retração do uso da capacidade espelha dos movimentos. O primeiro é da maturação dos investimentos e a entrada e funcionamento de novas fábricas.
O segundo movimento é o grande volume de importações de manufaturados que concorrem com os produtos nacionais a preços mais competitivos por causa do câmbio favorável.
Apesar do real valorizado em relação ao dólar, o nível de demanda externa em novembro subiu pelo sétimo mês consecutivo. No mês passado, 13,3% das empresas exportadoras consideraram a demanda externa forte, 6,8% fraca e 79,9% normal.
Em outubro, 72,7% das empresas achavam que as exportações estavam normais, 14,9% fortes e 12,4% fracas. "A demanda externa vem ganhando força a cada mês", observa o economista.
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