Governo lançará plano nacional para economia de energia

O governo deve lançar no próximo ano seu Plano Nacional de Eficiência Energética. O secretário de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Paulo Augusto Leonelli, disse que o programa está quase pronto e deve passar por uma consulta pública até o final deste mês ou, no máximo, no início de dezembro. Segundo ele, a meta é que haja até 2030 uma economia de 106 TWh (terawatts-hora), o equivalen- te à geração de Itaipu durante um ano. O plano está sendo discutido desde o início de 2010.

- O plano não tem um caráter mandatório, mas orientativo. Queremos fazer um amplo diagnóstico da situação do uso da energia no país dentro de vários setores que compõem a nossa matriz de consumo - disse Leonelli.

Ele explicou que para cada setor está sendo proposta uma linha de ação que o governo considera prioritária para a redução do consumo de energia.

Leonelli afirmou que a perspectiva do plano é contribuir para o crescimento da infra-estrutura que vai atender a elevação do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos anos.

Amilcar Guerreiro, diretor de Estudos de Economia de Energia e Meio Ambiente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), disse que somente um plano de eficiência energética poderá compensar o aumento da demanda por energia no país.

Guerreiro e Leonelli participaram ontem da divulgação de um estudo da Confederação Nacional da Indústria e da Eletrobras sobre a economia de energia no setor industrial. De acordo com o levantamento, com um pequeno corte de 6,4% no consumo de energia, 13 setores da indústria poderiam economizar R$ 85 bilhões em 20 anos só com a conta de energia elétrica.

Nesse período também haveria uma economia acumulada de 9,2 milhões de toneladas equivalente de petróleo (TEP), unidade que permite somar várias fontes de energia, como elétrica, gás natural e combustíveis. De acordo com a CNI, o país deixaria de emitir 239 milhões de toneladas de gás carbônico no período.

Esse cenário foi traçado a partir da avaliação de 217 projetos de eficiência energética que já estão em andamento nos setores de alimentos e bebidas, cal e gesso, cerâmica, cimento, extrativa mineral, ferroligas, metais não ferro- sos, fundição, papel e celulose, química, siderurgia, têxtil e vidro.

A principal fonte de economia se encontra na modernização de fornos, que responde por 62,12% do potencial de eficiência energética, seguido pelas caldeiras, com 16,09%, e os sistemas motrizes, com 13,87%. Rodrigo Garcia, coordenador do estudo da CNI, defendeu a redução das taxas de juros para os projetos de eficiência energética para que esse potencial seja realizado.

- Seria necessária também a ampliação da carência dos investimentos e de uma maior disposição de tecnologias para a indústria nacional - afirmou.

A indústria responde atualmente por 37,2% de toda a energia gasta no Brasil. A redução do consumo leva em consideração um crescimento de 4,5% ao ano da economia até 2030.


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